A caixa da bateria de John “Thunder” Allen ressoa através de seus dois golpes repicantes de maneira a já demonstrar frescor. Surpreendentemente, o ouvinte, posteriormente, é recebido por um saxofone tenor que, ofertado por Bob Campbell, desfruta de uma aveludada sensualidade que torna a atmosfera solar em sua desenvoltura alegre e sorridente. Acompanhando tal energia, a melodia acaba sendo completa com a entrada das pontualidades do sonar adocicadamente ácido do hammond de Alex “Al Licks” Somerville, uma guitarra igualmente swingada vinda de Imua Garza e uma bateria agradavelmente mansa.
Assim que a canção entra em seu primeiro verso, a maciez se torna o elemento base da experiência sensorial do ouvinte, enquanto Azato começa a desenhar os primeiros contornos do enredo lírico. Nesse aspecto, o que chama a atenção do espectador é que o cantor divide o microfone com Luciano “The Messenger”, culminando em um interessante contraponto de timbres. Afinal, enquanto o primeiro possui uma voz mais branda, o segundo é agraciado por um tom mais grave que engrandece o lirismo.
Agraciada pela presença de um baixo encorpado e de pronúncia ligeiramente trotante na base melódica, Hello Sunshine se matura como uma canção melódica e harmônica com intensa maciez, o que acaba, por vezes, culminando em lapsos de torpor por parte do ouvinte. Com tal receita, a faixa convida o espectador a agradecer pela vida e pelas oportunidades obtidas mesmo quando estiver enfrentando dias nublados ou, mesmo, sombrios. Na faixa, inclusive, Azato e Luciano passam, principalmente, a mensagem de que nunca estamos sós, além de mostrar que são os nossos próprios pontos de vista que podem transformar nossos dias.