
É como o Sol chegando no seu ápice de presença. Como o calor banhando o corpo do indivíduo e efervescendo seu sangue como uma forma intensa de incentivá-lo à vida ou, simplesmente, à ação. Intercalada entre duas guitarras sincrônicas, a canção já é capaz de oferecer boas doses de sensualidade enquanto fomenta uma energia lexicalmente estimulante.
Com uma levada suja desenhada pela bateria, a composição insere em sua receita pitadas de crueza que engrandecem a percepção de espontaneidade e, inclusive, vivacidade. Nesse ínterim, é importante pontuar a postura do baixo. Altivo em meio ao seu groove áspero de base estridente, ele é um importante elemento que enaltece o viés orgânico da canção até mesmo durante o primeiro verso. Nesse instante, uma voz masculina de timbre grave-intermediário e de suaves nuances metálicas passa a proferir o enredo lírico. Vinda de Daniel Siebert, ela confere à faixa uma cadência verbal atraente, excitante e, principalmente, contagiante.
Conforme se desenvolve, a canção vai exortando cada vez mais a sua mescla equilibrada entre hard rock e um hardcore melódico, o qual conquista seu apogeu de protagonismo estrutural durante o pré-refrão e o refrão. Adequadamente sonoro e sabiamente atraente, esse gênero musical acaba contribuindo para a aquisição de um frescor estimulante e até mesmo rejuvenescedor, o qual é destacado em meio a versos lírico-instrumentais de impacto ainda durante o interlúdio do ponto alto da faixa.
Evidenciando, em meio à sua identidade sonora, influências claras de nomes como CPM 22 e Ultraje A Rigor, Siebert faz de Mesmo Sozinho um single que ilustra muito bem a sua roupagem musical com boas pitadas de originalidade. Ainda, uma coisa que pesa na obra é seu enredo lírico. Por mais que seja envolto em uma estrutura radiofonicamente convidativa, a faixa transpira, através de seu personagem, resiliência, consciência de mundo, altruísmo e senso de comunidade enquanto expõe a solidão como uma importante experiência que leva ao autoconhecimento. É aí que a composição se torna intrigante. Ela equilibra o senso crítico-reflexivo com uma tomada sonora chiclete, mas sem perder seu senso de urgência prelúdica.