Tendo a bateria como elemento a efetuar o abre-alas da obra, a atmosfera rapidamente se transforma em algo completamente irresistível em seu frescor swingado e, até mesmo, libidinoso. O interessante, nesse aspecto, é notar a intersecção de gêneros em uma recém despertada frase melódica. Afinal, enquanto o baixo produz uma sensualidade um tanto rígida na base melódica e a bateria caminha através de um rebolado requebrado a tal ponto de trazer o funk aos holofotes, a guitarra, por meio de seus gritos aveludados, confere o blues na roupagem melódica.
Através do teclado é onde a música tem acesso a sonares que imitam instrumentos de sopro, como o trompete. Tal atitude confere mais do que apenas vivacidade. Ela dá à ambiência um toque generosamente solar que faz com que o ouvinte acabe até mesmo transpirando em virtude do calor que é sugerido pela contribuição de tal sonoridade.
Conforme vai se desenvolvendo, a canção permite a entrada da voz suave de Craig Erickson para desenhar o enredo lírico. No entanto, é evidente que o destaque, em Funky World, está muito distante de suas contribuições vocais, se deleitando única e exclusivamente no escopo rítmico-melódico. Afinal, é ele que hipnotiza o ouvinte com sua atmosfera provocativa e saliente capaz de caminhar livremente entre funk, blues e progressivo em meio a harmonias vibrantes e irresistíveis.