A guitarra áspera e ecoante se confunde por entre os golpes precisos e estridentes na caixa da bateria de Dan Johnson. De atmosfera curiosamente sombria, o presente amanhecer ainda tem grande protagonismo do baixo de Ralph Patlan, que com suas contrações bojudas dá corpo e consistência a uma estrutura que transpira um curioso senso de melancolia que persiste durante toda a introdução.
Assim que um ecoante sonar adocicadamente ácido surge de forma tremulante através do teclado, uma voz adocicada e afinada surge em cena dando início aos desenhos das circunferências líricas. Eis Kregg introduzindo, ao enredo verbal, uma interpretação que, desde seu início, soa visceral e dramática. Agraciada por um leve frescor trazido pelo violão, a canção logo escorrega para um refrão em que toda a atmosfera assume um caráter rascante, intenso, e profundo na forma mais pura da palavra.
Nesse instante, além de ser explosiva, a canção consegue ser simultaneamente entorpecente em sua mistura de rock alternativo folk e pitadas de psicodelia e rock progressivo. Com essa receita, Way Down é onde Kregg vivencia o choque da imprevisibilidade da percepção do fim iminente de um relacionamento. Dessa forma, a canção representa o turbilhão de sentimentos desconexos que se misturam dentro de um mesmo contexto formando uma bomba emocional que tira o indivíduo da razão. É o relato de alguém que se deixou entrar no universo sombrio da melancolia através das dores de um corte profundo ocasionado no coração.