Lua - No Ar

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Começando o ano com lançamentos, a cantora Lua chega com um novo trabalho. Intitulado No Ar, o EP traz a vocalista fugindo da veia rock de sua família e a reafirma no espaço contemporâneo com a junção de estilos musicais do momento. É assim que o Extended Play se apresenta.


Confirmando tal premissa, vem a faixa-título. Logo em seu despertar se percebe uma veia de mão dupla. É pop, mas não somente. É rap, mas não em sua totalidade. Quem puxa o canto, na verdade, é a voz suavemente grave de A Banca 021. A sutileza de Lua é percebida de forma onipresente, ao fundo, como um sopro de delicadeza que vai acompanhando o beat cheio de cadência e groove de Theo Zagrae. É possível, no verso em que o protagonismo é da cantora, notar traços rítmicos sutis do soul.


Fugindo do blend pop/rap/soul, Dominós invade a cena com uma essência mais enveredada para o rap eletrônico. Aqui, apesar do ritmo lírico acelerado, se percebe uma jovialidade latente na voz de Lua, que, na faixa, ainda imprime toques de sensualidade à sua interpretação lírica. Na ponte, acontece algo inesperado. Não é um instrumental que se insere, mas sim Budah e seu timbre rouco trazendo outro eu-lírico à canção.


Não há discussão nem segundas ideias. Nem Pensar é rap desde seu som primário. O beat de Gustavo Britto e Bernardo Ibeas tem influências indiscutíveis com aquele impresso nos raps estadunidenses. Lento, inebriante, quase psicodélico. A melodia da canção cria uma espécie de ambiente mental regado em fumaças de fumo e erva. Liricamente falando, assim como em Dominós, Nem Pensar traz um diálogo entre duas pessoas e, aqui, o par de Lua é Rod3030. Ele traz, no lirismo, uma diversidade de rimas perfeitas responsáveis por criar uma ligação comercial ainda mais forte com o público.


Com pinceladas de reggae no beat de Eduardo Kaplan e Carlos do Complexo, Gloria Glue vem com movimento, swing e cadência que se fazem perceber com o amadurecimento da batida, a qual se firma em uma métrica funk cheia de groove. E nesse groove, Lua recebe a participação de Pimp, dono de uma voz metalizada e editada. Mas é inegável que o convidado de fato entrega uma cor que soma com a sutileza de Lua.


Assim como já foi levantado na introdução, No Ar é um EP que mistura pop e o rap. Mas conforme as músicas vão se mostrando, se abrindo, percebe-se que a veia artística de Lua não se fixa a apenas esses dois pilares. Afinal, é possível notar toques do funk, do reggae e do eletrônico durante seus devaneios líricos.


Com mixagem de Mayam Rodilhano, o EP consegue ter extraído o melhor de sua sonoridade. Nada passa batido. Tudo se une na soma de melodias hora comerciais e hora simplesmente contagiantes. Mas o ar que o Extended Play emana não acaba nesse ponto.


A arte de capa, assinada por Gabriel Miguel B. Da Silva, não traz nada de inovador ou escandaloso. Ela se apoia na veia artística de bandas do sertanejo universitário, as quais dão prioridade e protagonismo absoluto para os cantores. É, enfim, isso o que a capa de No Ar entrega ao ouvinte: Lua em destaque e um fundo de cor acinzentada na medida para ressaltar o tom de pele da vocalista.


Lançado em 22 de janeiro de 2021 via Warner Music Brasil, No Ar é, nada mais nada menos, que um blend rítmico. É verdade que o protagonismo está no rap, mas Lua transitou de forma sutil e agradável por outros gêneros que agregaram à melodia proposta. Portanto, o EP é agradável aos ouvidos e uma resposta positiva à aposta feita pela WMB em assinar contrato com a cantora.



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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.