Erode The Dream - Pink Rope

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Para os ouvidos desavisados, ela pode assustar em um primeiro momento em virtude de sua ousada introdução. Suja e denotativamente estridente em virtude de uma guitarra que se coloca em cena através de um riff agonizante, a faixa, inclusive, não demora em evidenciar frases percussivas marcantes pela sua natureza nativa a ponto de soar quase como um canto indígena. Porém, assim que a bateria se posiciona por entre golpes precisos na caixa, de maneira a demonstrar poderio e força, a faixa se vê na iminência de uma mudança estrutural.


Mergulhando em uma segunda parte introdutória, ligeiramente melodiosa, mas mantendo a sua densidade no que se refere tanto à percussão em sua individualidade, mas também à arquitetura sonora como um todo, a faixa eclode em um primeiro verso dramático e rascante em que o vocalista se posiciona no centro do cenário para dar vida ao enredo lírico. Com um timbre rasgado, ele entrega intensidade em forma de visceralidade e profundidade em sua atuação lírico-interpretativa.


Ainda que a guitarra e a bateria sejam instrumentos que, indiscutivelmente, saltam aos ouvidos, no momento em que a obra desemboca no refrão, a atmosfera muda por completo. Explosiva, mas interessantemente embebida em um senso entorpecente e soturno, a ambiência permite, enfim, que o ouvinte identifique a presença do baixo e seu groove bojudo, mas um tanto tímido, cooperando para que a sonoridade adquira a consistência ideal para que a intensidade seja sentida na medida certa. 


Inclusive, é também no refrão que Pink Rope escancara uma inclinação notável na estética do post-grunge de maneira a evidenciar influências claras de nomes como Stone Temple Pilots. Tal constatação ganha ainda mais peso quando, momentos depois, o próprio vocalista se utiliza do megafone, objeto tradicionalmente utilizado por Scott Weiland nas respectivas performances da banda californiana.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.