O sonar tilintante e opaco do encontro das baquetas funciona como elemento introdutório que, inclusive, dá, desde o imediato despertar da canção, a contagem rítmica. Após um breve repique entre caixa e tom, o instrumento leva o espectador para um novo e diferente ambiente. Nele, a sensualidade já começa a aflorar a partir de uma estética melódica, no mínimo, provocante por meio de sua textura macia.
De baixo marcante em seu groove lexicalmente encorpado e provocativo, o cenário é, ainda, regido por uma dupla de guitarras que se dividem entre posturas unicamente sensuais e cínicas. Dando ao cenário uma energia de completo deboche, tais instrumentos imprimem, no enredo sonoro, o blues como ingrediente central.
Com o auxílio do irlandês Mick Pyro nos vocais com seu timbre adocicado e suave, Lament For Bertie Ahern ganha novos tons para o seu humor por meio da interpretação lírica de cunho cômico impressa pelo vocalista. De sabores crus em meio à sua conjuntura sonora sincopada, a faixa consegue dar ao espectador interessantes influências para com a sonoridade de nomes como ZZ Top em virtude de sua brisa southern rock.