Debreed - More Than Just Exist

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Sua atmosfera é densa e rascante. Sombria e pegajosa em sua essência, ela traz consigo doses de uma imponência regada a lapsos de desespero e agonia presentes a partir da intersecção entre as frases graves das guitarras e o punch da bateria. Ainda que muito prematuramente, o ecossistema rítmico-melódico que molda o presente amanhecer fornece ao ouvinte a percepção de uma semelhança entre a presente paisagem e aquela moldada pelo Alter Bridge nas frases instrumentais que acompanham a segunda etapa do alvorecer de Slip Into The Void, seu respectivo single.


Mostrando, a partir daí, um mergulho pela cenografia do metal alternativo, a música experimenta frases instrumentais intensas regidas por texturas ásperas e viscerais. O curioso, nesse aspecto, é perceber que, dentro dessa atmosfera imponente e inquietante, existe um elemento que facilmente pode passar despercebido pelos ouvidos mais desavisados. O baixo é quase escondido perante esse cenário bruto não fosse a sua contribuição na construção de uma base melódica consistente e precisa. Afinal, a cada nova frase instrumental, especialmente no que tange a introdução, ele é identificado por meio da noção de encorpamento sonoro.


Assim que o primeiro verso se anuncia, algo que acontece graças ao início do enredo lírico proclamado pela entrada de uma voz masculina de potenciais rasgados e de leve azedume, a canção acaba proporcionando outra identificação que passa a transformar sua identidade primária. Além de o vocalista ser dono de um timbre que lembra aquele de nomes como Zakk Wylde e Jeff Scott Soto, a obra passa a flertar com uma paisagem progressiva que rememora a estética construída pelo Sons Of Apollo em suas respectivas composições.


Aquém dessas similaridades, More Than Just Exist chama a atenção pela sua energia visceral. Através da interpretação lírica, o ouvinte não apenas entra em contato com o desespero e a agonia, mas, também, acaba interagindo com a indignação e a incredulidade. É como se, aos olhos da persona da composição, a desesperança reinasse em seu âmago. E isso acontece porque, em sua proposta dialética, a canção aborda a busca por um senso de propósito e motivação, além de explorar a falta da ganância frente o comodismo simplista observado no comportamento da sociedade contemporânea.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.