
A canção já tem seu início marcado por uma cadência rítmica precisa e, acima de tudo, bem sincopada. Promovendo um pulso de sensualidade engrandecido pela macia e delicada guitarra que vai, cuidadosamente, valsando na dianteira melódica, o instrumento consegue oferecer uma sequência fluida suficiente para trazer o piano como alicerce do escopo harmônico nascente.
Construindo uma atmosfera fresca e, simultaneamente, sertaneja, a canção cresce de uma forma que sintetiza a sua exortação de silhuetas puras de um blues emaranhado em uma raiz jazz. De temperatura agradavelmente morna, tal como um entardecer primaveril, a faixa ainda é marcada pela presença de um baixo cuja aparência não é apenas sincopada, mas saliente em um nível que enaltece a fluidez como característica marcante de seu cenário sonoro.
De base melódica encorpada, além de amadurecer de maneira charmosa e, inclusive, libidinosa, Walking In New Orleans oferece ao ouvinte um vislumbre da encantadora atmosfera dessa cidade marcante para a história de ritmos clássicos da era moderna, como o jazz e o blues. Um instrumental que traz muito de B. B. King e John Lee Hooker infusionado com o calor do sertão.