
A sensualidade já é, desde o início imediato, algo saliente na estrutura instrumental do amanhecer rítmico-melódico. De caráter provocante e, curiosamente, um tanto debochado, a canção faz com que o ouvinte rapidamente perceba que, sua estrutura, bebe de uma fusão equilibrada de hard rock e folk. De bateria precisa, baixo malemolente em sua forma encorpada e guitarras de riffs repletos de vivacidade, a música, assim que entra na segunda parte do amanhecer, adquire nuances de crueza em meio a um arranjo de natureza oitentista.
Destacando a postura do baixo como um dos elementos que mais extravasa o caráter sensual da obra através de sua desenvoltura malemolente, a canção, conforme evolui, comunica ao espectador a existência nítida de influências de nomes como Mötley Crüe em sua paisagem estrutural. Assim que o primeiro verso se inicia, outro ingrediente é colocado sob os holofotes, reconfigurando a estética.
Uma voz masculina de caráter cru, em suas breves nuances agudas afinadas, acaba dando à atmosfera um tom curiosamente mais melodioso, mesmo quando explora seus vieses ácidos e ásperos. Desse instante em diante, mesmo perante certo grau de linearidade conjuntural, a composição acaba permitindo ao ouvinte identificar, também, semelhanças para com as roupagens das músicas assinadas por Danzig.
Quando atinge seu refrão, Jackson City Motor Queen atinge seu ápice de crueza. Envolta em sensualidade, essa qualidade passa a servir como outra pista para que o espectador perceba incursões de groove metal em meio à sua estética rítmico-melódica. É valido destacar, ainda, que a obra é agraciada por um solo de guitarra ligeiramente saliente no pós-refrão, a tornando uma composição contagiante e marcante.