MNERVA - One More Night

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Uma voz masculina, mas de timbre bem afinado em seu tom agudo, adocicado e no limiar do veludo, é ouvida ao fundo junto com um instrumental de sonoridade opaca como forma de inferir um certo grau de distância em relação ao ouvinte. Porém, momentos mais tarde, a partir de golpes sequenciais na caixa da bateria feitos de maneira precisa, a sonoridade conjuntural, enfim, entra em primeiro plano.


O curioso é notar que, enquanto bateria e guitarra se fundem em um uníssono explosivo e melódico capaz de transpirar generosas doses de uma melancolia aveludada, um sonar agudo e adocicado, aparentemente proveniente do teclado, perambula a dianteira sonora de maneira a ofertar uma postura aconchegantemente terna. É nesse ínterim, que, inclusive, a melancolia se funde a menções de frescor de forma a promover uma experiência sensorial nostálgica em relação à paisagem sonora do início dos anos 2000.


Assim que entra em seu primeiro verso, enquanto o enredo lírico é desenvolvido de forma a salientar o potencial vocal do cantor, o baixo parece ocupar um lugar de destaque na instrumentação. Afinal, ele desfila uma afinação que beira a estridência ao passo que flutua, com certo quê de sensualidade rígida, a dianteira sonora. É justamente nesse instante que a composição escancara a sua natureza pop punk de forma mais enfática. O interessante é notar que esse movimento acontece antes mesmo do refrão se anunciar.


Explorando toques de uma densidade ligeiramente sombria conforme vai aumentando seu senso enérgico, One More Night se torna marcante por trazer o refrão em dois arranjos diferentes. De primeiro momento, ele se apresenta sob uma postura mais introspectiva e delicada. Porém, quando da sua repetição durante a segunda metade da obra, ele enaltece uma aparência explosiva que destaca sensos pungentes de angústia, melancolia e até mesmo lapsos de um desespero visceral. Tais emoções servem, inclusive, para dar ênfase a um enredo que trata sobre um relacionamento caminhando para um iminente fim, enquanto explora o processo de superação vivenciado pelo protagonista. Uma superação cheia de lamúria e lágrimas lancinantes.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.