
Seu início, mesmo que explorando, com ligeira suavidade, texturas ácidas e estridentes, já comunica a iminência do caos. De viés curiosamente delicado durante seu despertar imediato, a canção, surpreendentemente e, de súbito, leva o ouvinte para um cenário cheio de intensidade, empoderamento, densidade, tensão e, acima de tudo, força.
Através de um instrumental uníssono no que tange poder, mas um poder como escudo da pureza do senso de vulnerabilidade, a canção consegue deixar o ouvinte assustado, inquieto e com uma dose exacerbada de adrenalina correndo desenfreadamente por suas veias. Afinal, entre a bateria explosiva, a guitarra suja e o baixo conseguindo sobressair do barulho com suas linhas estridentes marcantes, o escopo rítmico-melódico acaba deixando escapar sensos pegajosos de melancolia, medo e angústia.
Nesse aspecto, é importante salientar que a agonia se destaca na atmosfera no momento em que o primeiro verso se inicia através de palavras proferidas por uma voz masculina de caráter delicado e, surpreendentemente, frágil em seus lapsos de dulçor. De posse de Josh Paulino, esse timbre consegue dar, ao personagem lírico, uma identidade humana que torna a atmosfera ligeiramente mais compreensível, mesmo diante da desordem.
Explorando, de maneira equilibrada e esteticamente bem trabalhada no que se refere aos campos da mixagem e equalização, os campos do metal alternativo e do hard rock, Deception explode em um refrão de energia figadal que transpira, essencial e principalmente, angústia e agonia através de gritos que assumem uma feição de puro desespero.