Leandro Costa - Essential

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Sua atmosfera é sombria, sem muita luz natural. Cheia de focos de jatos de lava transpirando do chão rochoso, ela exala um tom de periculosidade iminente. A insegurança e o caos são fatores que acabam moldando a energia que dela se cria, contaminando o interior do ouvinte e o deixando com uma postura frágil. Desprotegida.


Nesse ínterim, a guitarra de Leandro Costa surge em uma movimentação trotante de cunho ácido. Assim que a bateria de Marcelo Batistella entra em cena com seus golpes precisos, a canção começa a adquirir contornos rítmicos e uma paisagem embrionariamente sensual. Trazendo a partir daí, uma roupagem hard rock libidinosa, a canção permite ao ouvinte a percepção de um time de influências que vai de Van Halen a Mötley Crüe em meio à sua ambiência curiosamente oitentista.


Explorando um toque sombrio em sua cenografia estrutural, a canção tem seu enredo lírico introduzido por uma voz masculina de timbre agudo e doce. Provocativa, a interpretação de Costa vai dando à obra uma postura imponente, empoderada e ligeiramente rebelde. Entoando falsetes bem executados enquanto explora seus alcances vocais, o cantor é acompanhado, durante o refrão, por uma dupla de backing vocal capaz de reforçar certos versos, lhes dando uma dose extra de importância.


Permitindo, felizmente, a audição nítida do baixo de Allan Farias em momentos póstumos ao refrão, a canção evidencia sua base melódica encorpada e de caráter ligeiramente progressiva. Com tal roupagem, Essential é uma obra que retrocede à cenografia caótica dos anos que abrigaram a pandemia da Covid-19. 


Por meio da canção, Costa questiona, ironiza e critica o conceito de qual segmento de negócio era essencial para a manutenção mínima da rotina dos cidadãos. Desta feita, existe, aqui, repúdio à hipocrisia associada a um senso de egoísmo e falta de coletividade ao colocar o dinheiro à frente da saúde. Dessa forma, Essential também rechaça a escravidão social perante a cultura capitalista em tempos nos quais toda a civilização é colocada em postura de fragilidade, insegurança e desamparo.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.