Desde seu imediato despertar, a maneira como bateria e guitarra se combinam cria uma atmosfera pegajosamente melancólica. Com o auxílio de uma voz masculina que surge na dianteira melódica entoando um discurso de ordem, a obra vai assumindo contornos cada vez mais dramáticos e viscerais em sua paisagem monocromaticamente acinzentada.
Assim que a introdução entra em uma segunda etapa instrumental, o ouvinte tem acesso às camadas preenchidas pelo baixo. Por meio delas, é possível de perceber a acidez e o azedume se entrelaçando na embrionária noção de estridência assumida pelo instrumento. A partir de tais constatações, nota-se que a canção acaba fluindo para um campo sonoro que vai do rock alternativo ao stoner rock com grande desenvoltura.
Nesse ínterim, ainda que o espectador seja imerso em um senso de torpor inquebrantável levantado pela estrutura rítmico-melódica até então apresentada, a canção propõe momentos de uma intensidade consistente. A partir dela, a narrativa acaba se encurralando perante súbitos agonizantes e angustiantes que extrapolam o limite do som e contaminam o emocional do espectador.
Não é à toa que How They Run, por meio do equilibrado processo de mixagem executado por Evan Rodinache, acaba oferecendo sensos de desesperança e desalento. Porém, por mais que isso de fato aconteça, a canção, conforme se desenvolve e evolui a sua narrativa lírica, deixa clara a sua intensão de empoderar o ouvinte e de estimulá-lo a, ao menos, não se curvar perante julgamentos e normas pre-estabelecidas.