É, no mínimo, interessante. Afinal, é como se o espectador se visse em pleno campo banhado por um céu poente e de tonalidades crepusculares em seu caráter místico. A brisa que vem do horizonte é gélida, mas a paisagem que se tem é de uma beleza tocante que amorna o coração, ainda que nitidamente embriagado em um misto senso de nostalgia e melancolia.
Delicada em sua essência, a canção nasce com um minimalismo sensorial marcante através de um violão cabisbaixo que, rapidamente, é acompanhado por uma guitarra que, por meio de seu uivo aveludado, representa as lágrimas de um sofrimento vindo de uma ferida ainda não muito bem cicatrizada. Assim que a atmosfera passa a ser guiada por uma voz masculina de timbre ligeiramente grave, o torpor se perde, enquanto o ouvinte ganha lapsos de lucidez em suas memórias lancinantes.
Por meio de Terje Gravdal, tanto a cadência quanto a harmonia lírica criadas tocam com notável delicadeza e gentileza o coração dos espectadores que se aventuram na audição da faixa. Agraciada por uma guitarra que, com seu efeito lap steel, engrandece a ambiência campestre, a canção tem, nas notas doces e humanas do teclado um artifício para oferecer compaixão e conforto em meio às dores do coração.
Se tornando denotativamente tocante a partir da incursão de um refrão melódico e de paisagem dramática, The Climber, com sua máxima fragilidade estrutural, faz umedecer os olhos até mesmo dos espectadores mais resistentes aos sentimentos que vêm de dentro. Tal como uma espécie de canção de honra, a obra é um visceral hino de despedida e gratidão pela figura de alguém não mais existente no mundo terreno.
Em meio à busca de respostas jamais obtidas, The Climber é o relato mais puro, honesto e sincero de um indivíduo em profundo processo de luto. É a raiva, o ódio. É a tristeza e a dor. É a solidão e a angústia. O Adeus nunca verbalizado e uma despedida feita antecipadamente. A canção é a história de um alpinista que atravessou a fronteira dos mundos com felicidade no coração e fazendo o que gosta. É a representação da saudade, da dor e da gratidão dos que ficaram.