O céu enuncia a chuva por meio da união das camadas densas de nuvem. O mar, abaixo do desfiladeiro, se torna agitado, assim como a vegetação que valsa no compasso de um vento intenso e uivante. O indivíduo, então, se ajoelha na ponta do penhasco em pose de súplica e, conforme os trovões vão fazendo com que a chuva enfim caia sobre a terra, deixa rolar as lágrimas de uma dor incandescente.
Essa paisagem é desenhada através da maneira com que a guitarra se apresenta nos momentos imediatos da introdução. Transmitindo sensos melancólicos e nostálgicos, a canção acaba explorando curiosas doses de um dulçor entorpecente vindo do timbre de KREGG. Capaz de fornecer uma semelhança estética para com aquele tom de Ney Matogrosso, o cantor entrega uma espécie de delicadeza reconfortantemente ludibriante.
Mergulhando em uma atmosfera dramática e visceral assim que atinge o refrão, I Tried se torna tocante na maneira com que o vocalista emprega seus sensos de desolamento, decepção e, principalmente, frustração. Sendo agraciada por uma boa base melódica fornecida pelo baixo e uma consistente base rítmica trazida pela bateria, a obra ainda explora a harmonia por meio da inserção de um teclado que fornece um sonar adocicadamente ácido que entorpece o ouvinte.
Transitando por entre os campos do rock alternativo e, principalmente, do pop punk, enquanto, curiosamente, flerta com a estrutura rítmico-melódica de Breakaway, single de Kelly Clarkson, I Tried chama a atenção pela sua ponte. Precisa, consistente e potente, ela encarna, evidencia e dilacera a verdadeira inquietação da faixa. Apesar de apresentar um indivíduo imerso em um caos emocional, a canção, conforme o próprio personagem vai se desvencilhando da negatividade, busca espalhar o senso de gratidão pela vida.