Pelo seu início explosivo e enérgico, a canção logo sugere o asfalto. Uma competição de corrida sob um céu de Sol escaldante em pleno deserto. Ainda que essa cenografia seja, de fato, convidativa pela estrutura inicial oferecida, a canção não demora a migrar para uma atmosfera sensual, saliente e pegajosa. Protagonizada pela guitarra em seus rebolares provocantes, a estrutura melódica ganha peso quando a própria bateria é persuadida e acaba assumindo posturas igualmente libidinosas.
Sem rodeio algum, no lugar do primeiro verso a canção apresenta uma arquitetura potente, precisa e explosiva que traz um lirismo interpretado por uma voz que surge como uma persona tão cínica e ardente quanto o próprio escopo rítmico-melódico. Nesse ínterim, a estética da canção assume grande familiaridade para com aquela de Let The Record Play, single do Ugly Kid Joe.
Quente como o verão, mas também boêmia como as noites de uma Sunset Strip oitentista, a canção, ainda que com um decibel elevado, não ofusca a presença do baixo. Presente na base melódica, o instrumento, mesmo com a libido excessiva proclamada pelo romance ardiloso da guitarra com a bateria, consegue, com muita atenção ser percebido. Com seu groove ondulante, mas consistente em sua presença, ele fornece certo grau de força, mas, infelizmente, não é capaz de dar a consistência de que a canção precisa. Contudo, é inquestionável o poder de atração que Firebreak desfila, abusa e debocha cinicamente. Uma faixa que, definitivamente, consegue fazer qualquer um ficar elétrico.