Linkin Park - From Zero

NOTA DO CRÍTICO
Nota do Público 5 (1 Votos)

Sete anos é um período com dupla significância. Em 2017, o grupo havia lançado seu sétimo álbum de estúdio, intitulado One More Light. Foi naquele ano que ele viveu uma fatalidade, a morte precoce de seu vocalista, Chester Bennington. Agora, com nova formação, o Linkin Park anuncia From Zero, um álbum que representa o marco zero do início de um novo período em sua história.


Seu início não tem uma introdução padrão. É apenas algo épico focado em uma harmonia vocal quase transcendental. De silhueta capaz de ser até mesmo angelical, essa união de timbres sugere uma elevação perante os céus. É como um processo de redenção, de perdão. Ou, ainda, um mero e sincero ato de gratidão à outra dimensão. Quase como um prelúdio instrumental, From Zero (Intro) traz, já nos seus últimos segundos, uma breve interação entre Emily Armstrong e Mike Shinoda em uma espécie de recepção a From Zero, o álbum que está nascendo.


O sonar tremulante da distorção da guitarra é ouvido ao fundo causando a impressão de um prelúdio transformador. Proporcionando um senso de estar presente e imerso em um ambiente sombrio, esse ressoar logo cessa com a entrada de uma bateria repicante que, no comando de Colin Brittain, permite o início do desenho lírico. Feito por uma voz masculina de timbre intermediário, ela se apresenta sob uma cadência rappeada que, na posse de Shinoda, rapidamente entrega fluidez ao escopo melódico ainda em formação. Se tornando curiosamente dramática por meio do sonar gélido do teclado ouvido pontualmente na base sonora, a canção, assim que atinge o refrão recebe, junto ao vocal de Shinoda, gritos de cunho rasgado e angustiado que são ouvidos ao fundo como uma espécie de exorcização fantasmagórica. É então que a canção finalmente mergulha em sua máxima forma através de uma sonoridade completa que desenha uma paisagem definitivamente dramática e melancólica por meio de uma atmosfera de rock alternativo evidenciada graças à postura da guitarra de Brad Delson. Em seu verdadeiro primeiro verdadeiro primeiro verso, a canção recebe uma voz feminina de timbre agudo e aveludado, mas ao mesmo tempo de postura impositiva, inquieta e angustiada. Eis Emily surgindo na companhia do baixo de Dave “Phoenix” Farrel, instrumento cujas frases groovadas encorpadas em uma cadência linear dão à base sonora a devida consistência para sustentar a força e a visceralidade que explodem no refrão. Intenso, melodramático, lancinante e rascante o ápice de The Emptiness Machine é o recorte narrativo que encarna toda a sofrida necessidade de aprovação e aceitação até o momento em que o personagem, finalmente, aprende a se autovalorizar e a dar voz a quem realmente é. Nesse quesito, The Emptiness Machine soa como a irmã mais nova de Numb, single do grupo.


Um sonar estridente recebe o ouvinte como em um estado de pura agonia e caos interior. Felizmente, a guitarra que surge em seguida por meio de um riff levemente trotante vai, gradativamente, devolvendo a lucidez ao espectador, que se vê imbuído em uma espécie de transe entre o lógico e o imaginário por meio do vaivém do sample de Joe Hahn em seu sonar que imita o violino. É então que, em uma atitude mais precisa na devolução do estado de consciência, a bateria surge a partir de golpes incessantes e precisos na caixa a ponto de criar uma breve noção da estrutura rítmica que abrangerá a presente composição. Assim que a obra entra em um crescendo, ela flui para uma atmosfera melódica e consistente que traz consigo, toques de uma curiosa melancolia que não chega a ser visceral ou mesmo pegajosa. Nesse momento, Shinoda entra em cena já apresentando o enredo lírico por meio de seu tradicional e clássico mergulho na roupagem rap, o que dá à obra, além de movimento, penetração e hipnotismo. Se mostrando dramática em sua arquitetura linear, Cut The Bridge volta ao estado de torpor e embriaguez assim que Emily entra em cena introduzindo a camada melódica do espectro vocal. Com ela em voga, a canção, assim que entra em seu refrão, acaba transpirando uma curiosa estrutura pop punk que rememora a estética de canções creditadas ao Paramore. Com essa roupagem, a qual ainda é agraciada pelo tilintar do pandeiro como uma forma de entregar suavidade ao espectro rítmico, Cut The Bridge se mostra uma canção emocional e tocante em que traz um indivíduo no processo de descobrir sua verdadeira essência, seus reais ideais e seus verdadeiros pensamentos, conforme se vê livre daqueles que censuram a sua própria autenticidade. É o retrato da ingenuidade da pureza em conflito com a malandragem da experiência e da manipulação.


O sample reproduz uma sonoridade clássica que funciona como o despertar imediato da introdução. Sem demora, porém, a atmosfera é tomada por uma estrutura calcada no rock alternativo cuja sonoridade da guitarra traz, literalmente, a mesma receita daquela experimentada em The Emptiness Machine. Assumindo uma postura dramática graças aos sonares sintéticos inseridos pela programação, a canção entra em um primeiro verso rappeado saliente cuja cadência lírica é apresentada sob um viés fluido que permite ao ouvinte a noção de movimento. É no refrão, momento em que a conjuntura estrutural se torna denotativamente melódica, que a canção amadurece sua postura dramática. Ainda assim, com Heavy Is The Crown, o Linkin Park apresenta um enredo motivacional que tangencia o estímulo à perseverança, foco e determinação em relação aos objetivos, de forma a tangenciar com o enredo de Take The Crown, single do Alter Bridge. Por mais que a vida possa ser difícil em alguns momentos e tente derrubar ou desviar o rumo do destino, ter a mente focada e o emocional equilibrado são a verdadeira receita para que o indivíduo seja considerado um vitorioso. 


Existe um clima de suspense em sua introdução. Afinal, seu despertar acaba acordando certo grau de sensorialidade no ouvinte que o faz se perceber caminhando por entre rochas úmidas e pegajosas em direção a feixes de luz natural observados metros à frente. Ainda que tal visão imagética seja incentivada por sonares sintéticos embrionários, ela persiste conforme as linhas líricas começam a ser desenhadas por uma Emily que se mostra sob uma interpretação introspectiva abraçada por uma energia entorpecente. Passando a assumir uma postura mais imponente e firme, a cantora é acompanhada por golpes percussivos que ampliam os sensos de pressão e consistência, enquanto o público começa a notar certos graus de visceralidade no ambiente. Se baseando na harmonia vocal como importante elemento emocional, Over Each Other explora um contexto rítmico-melódico minimalista em que a bateria encontra grande protagonismo por ser, nos versos de ar, o elemento a denotar movimento e um importante fator, além da voz, a fornecer algum tipo de som mais presente que fuja do viés atmosférico. Com tal estruturação, Over Each Other é uma canção que explora sensos de angústia em meio à superficialidade social. Um cenário em que as profundezas emocionais são negadas e obstruídas, deixando transparecer apenas aquilo que aparenta ser agradável. Eis aqui, portanto, a necessidade da verdade, de algo orgânico. Palpável. Que fuja da fantasia da perfeição e que garanta uma análise mais intensa sobre as essências do indivíduo que, na faixa, se sente sufocado e acorrentado a muralhas que escondem a verdadeira essência do outro. Over Each Other é, portanto, uma canção que preza pela sinceridade sobre o outro. Sobre nós mesmos. 


Sem qualquer tipo de introdução sonora, Emily rompe o silêncio já introduzindo seu drive por meio de uma interpretação lírica intensa e angustiante que, ao lado de uma guitarra de distorção tremulante, já coloca a canção na seara do stoner rock, em vista do caráter estridente a que se mostra experienciando. Com evidente raiva e imponência na forma como pronuncia cada palavra, a cantora dá liberdade para que a canção surpreenda o ouvinte por fluir para uma atmosfera sombria que, além de explorar o sombrio, traz um quê soturno latente. Ainda que tenha na desenvoltura da bateria uma das principais representações desse quesito caótico, a obra traz, na guitarra, a sua verdadeira alma. Afinal, o instrumento encarna não apenas uma espécie de anarquia, mas dissemina o desespero e a angústia por meio de uma contribuição que soa como uma verdadeira desorganização em prol de uma necessidade urgente de ajuda. Nesse ínterim, a intensidade se torna um ingrediente tão decisivo na construção estética de Casualty que até mesmo Shinoda contamina seus versos rap com toques generosos de agonia. Apesar de curta em duração, Casualty é marcada pelo experimentalismo stoner ao passo que o lirismo aborda uma temática da libertação, algo que, pelo contexto, pode ir desde um relacionamento tóxico a algo mais profundo e íntimo que circunda a explosão dos instintos comportamentais mais sombrios que, há muito, são mantidos trancafiados nos confins do inconsciente. Nesse sentido, a canção parece estar abordando um estado de vitimismo em relação à própria consciência, o que a torna ainda mais dramática e rascante.


O sonar que recebe o ouvinte é como o zumbido incessante das moscas rodeando um indivíduo. Curiosamente ondulante em sua essência, ele é acompanhado por outras inserções sonoras sintéticas capazes de fazer do ambiente algo de cunho ligeiramente dramático em seu estado de torpor latente. Quanto mais o indivíduo é imerso nesse estado de embriaguez, mais ele se distancia da luz e, consequentemente, de suas faculdades lúcidas. Um movimento que, aqui, é inclusive representado pela forma inicial com que Shinoda desenha os primeiros sinais de enredo lírico. Surpreendentemente, aquém das demais composições até então ofertadas em From Zero, Overflow tem um primeiro verso calcado inteiramente na estética do rap, ao passo que é abraçado por um minimalismo estético que faz com que as palavras proferidas pelo vocalista sejam o elemento de destaque desse recorte narrativo. Enganosamente macia, a faixa ganha momentos denotativamente melódicos quando Emily assume os vocais através de uma interpretação em quer se permite explorar falsetes bem executados, enquanto se permite ser capturada pelo estado de morfina. Com tal receita, Overflow é uma obra em que o Linkin Park parece abordar, de forma um tanto direta, a saúde mental e o caos emocional que é capaz de tirar o indivíduo de sua saudabilidade. Aqui existe o verdadeiro retrato da depressão e do duelo entre consciente e inconsciente no que tange a vontade e a disposição para seguir rumo à superação em relação aos próprios demônios.


É curioso notar como um mínimo de sonoridade, ainda que nítida em sua forma sintética, consiga proferir desconfortáveis sensos de insegurança e fragilidade no ouvinte. Tangenciando até mesmo certo grau de temor, a melodia inicial faz com que o espectador se sinta imerso em um ambiente ausente de luz natural, solitário e extremamente vulnerável. E a forma como a guitarra se apresenta, sorrateira e com feições de puro cinismo debochado, coopera maciçamente para a disseminação de tal sensibilidade por parte do espectador. É então que, assim que o instrumento é notado claramente através de seu riff áspero e de cunho no limiar do grave ao agudo, a canção mergulha em um cenário explosivo marcado por uma atmosfera sombria e uma postura densamente agressiva. Intensa e com toques de drama, a segunda parte introdutória é marcada, inquestionavelmente, pela força da voz de Emily, que entra em cena por meio de um consistente urro rascante em sua estética screamo. Com grande presença do baixo, elemento que garante para si certo grau de protagonismo durante o primeiro verso, a canção continua navegando por terrenos sombrios e pegajosos através dos versos rappeados de Shinoda. Assim que o refrão é atingido, Emily acaba fornecendo uma interpretação lírica que proporciona ao ouvinte uma tardia assimilação entre seu timbre e o de Jen Ledger em virtude de uma curiosa mistura entre agudez, veludo e torpor. Se separando de tais constatações, Two Faced se matura de maneira a soar como uma continuação linear, mas mais escancarada do enredo iniciado em Overflow. Afinal, aqui o personagem se mostra em um desespero tão visceral que desperta ideias agressivas e imprudentes contra si, mas que, felizmente, não são executadas por lapsos de lucidez que acomete seus impulsos. O mais interessante em todo o enredo, porém, está na sensibilidade de o Linkin Park, de maneira indireta, reconhecer a sua própria ausência de sensibilidade em relação à percepção da instabilidade e sofrimento que acometia Chester Bennington, que, como a presente música destaca, vivia como um duas caras e, consequentemente, transitando entre as suas duas personalidades.


A estridência continua sendo um caráter marcante na desenvoltura da presente canção, observada desde seu início imediato. Nele, esse mesmo som ainda é capaz de ser carregado por toques ásperos que causam certa insegurança no espectador, ainda que a atmosfera esteja em seu máximo estado de enigmatismo. Conforme vai se desenvolvendo, porém, a obra recebe a voz de Emily que acaba soando como um ser onipresente. O som do inconsciente ou, ainda, como uma alucinação da redenção. Fluindo para um primeiro verso repleto de punchs percussivo-sintéticos envolvendo os versos rappeados, os quais são capazes de difundir um curioso e contagiante senso de empoderamento, a canção acaba, mesmo com a parte lírico-melódica de Emily, se enveredando por uma estrutura de fácil degustação. É nesse instante que Stained se mostra a primeira balada de From Zero. Macia e de essência dramática, a faixa acaba abordando o peso da culpa com o passar do tempo e a forma como ela pode afetar a vida do indivíduo, acorrentado a um passado sem retorno e desesperado pelo recebimento, mesmo que tardio, do perdão.


Enquanto sonares curiosos de rebobinação são detectados, a voz de Emily é percebida através de seu tom rasgado que emprega, no presente momento, evidente senso de raiva. Tal sentimento, inclusive, é assumido também pela guitarra, que surge logo em seguida. Sombria e áspera, ela consiste no primeiro elemento instrumental que se apresenta ao espectador, transformando a atmosfera em algo ainda mais sombrio. Explodindo de maneira rascante e incendiária, a canção, fugindo da estrutura das composições anteriores, traz o vocal melódico primeiro, enquanto explora não apenas o drama, mas a visceralidade que dele é facilmente extraído. De caráter angustiante, a voz de Emily, nesse instante, é acompanhada apenas pela bateria em uma clara sincronia antagônica entre lucidez e precisão com o inconsciente e o desespero. Explorando, gradativamente, a melancolia, a faixa acaba sendo agraciada por um baixo que se torna marcante na disseminação da consistência melódica ao mesmo tempo em que exorta sinais de desamparo. É assim que IGYEIH, um acrônimo de ‘I Gave You Everything I Have’, traz um enredo que apresenta um indivíduo transitando entre o torpor e a racionalidade do retorno da capacidade de tomar as suas próprias decisões e deixar de ser excessivamente passivo. Ao mesmo tempo, a canção parece retratar uma pessoa em uma desesperada necessidade de superação de uma vivência canibalesca. Ambas as suposições destacam a busca por um bem-estar consigo mesma, o que torna IGYEIH uma canção, de fato, marcante.


É como observar um horizonte belo, banhado por um céu azul-anil e repleto de vida em sua forma mais harmônica ser, gradativamente, engolido pelas nuvens que vem além de onde os olhos não alcançam. Explorando, portanto, um senso melancólico a partir da desenvoltura da guitarra, a qual se firma como primeiro elemento sonoro orgânico, a canção acaba se enveredando por uma espécie de torpor melódico rascante, enquanto a tristeza passa a circundar o espectador como um obsessor observando suas atitudes. Preenchida por beats trepidantes pontualmente instalados de forma a conferir uma audaciosa noção de movimento, que aqui surge rígido e truncado, a canção traz uma Emily se aventurando por maiores extensões vocais, enquanto desenha os versos que carregam a alma do enredo lírico. Minimalista em sonoridade, a faixa se mostra uma obra de caráter delicado e emotivo que se configura como o elo intermediário da trilogia Two Faced-Good Things Go-Overflow. Afinal, aqui o indivíduo está vivenciando a rejeição, a exclusão e o abuso moral de forma a depreciar e enfraquecer as suas já frágeis autoestima e autoconfiança. As sensações de invisibilidade e desolamento são questões marcantes vivenciadas pelo personagem, que a fazem pensar em atos agressivos contra si. Porém, o tocante do enredo está no fato de que esse mesmo personagem, desesperado por compaixão, proteção e, acima de tudo, atenção, tenta, sozinho, se livrar das armadilhas autoimpostas, enquanto se perde entre a sua autodefesa agressiva e a sua repulsa por afeto.


From Zero, como o próprio nome sugere, é o capítulo zero de uma nova história que começa a ser construída. É o resultado da resiliência, do companheirismo, da compaixão e, acima de tudo, da superação de um evento catastrófico que, indiscutivelmente, mudou a história do grupo. Não é de se assustar, portanto, que, com o álbum, os membros remanescentes do Linkin Park decidiram pedir perdão ao seu saudoso vocalista Chester Benington.


Afinal, o álbum, além de manter as essências soturna, melancólica e rascante já tradicionais do grupo, ele foi agraciado por atmosferas sonoras ainda mais nebulosas que injetaram mais ênfase em temáticas sociais delicadas. Não por menos que a saúde mental foi um dos assuntos abordados no discorrer dos 11 títulos que compõem o material.


Nesse aspecto, é indiscutível o fato de que a trinca de canções Two Faced-Good Things Go-Overflow propõe um enredo linear sobre um indivíduo vivenciando uma grande instabilidade emocional. É aqui que existe, por parte do grupo, uma espécie de pedido de perdão. Contudo, além da saúde mental propriamente dita, From Zero é marcado por outros enredos que continuam caminhando pelo âmbito psicológico, mas que também exploram cenários mais socio-comportamentais.


Do abuso moral à ausência de autoconfiança e autovalorização, o Linkin Park mostra grande sensibilidade ao tentar representar os desafios enfrentados pelas pessoas ao longo da vida, ainda que focado no intervalo entre a fase da pré-adolescência à adultescência. Afinal, seus enredos envolvem a construção de personalidade, algo que, por si só, pede uma estrutura emocional firme para ocorrer de forma saudável, algo que, certamente, é envolto em grande senso de utopia.


O interessante é notar que a aquisição de Emily Armstrong para os vocais acabou auxiliando nesse processo, principalmente no que tange a construção de cenários tocantes. Isso acontece porque a vocalista, assim como Bennington, conseguiu demonstrar versatilidade em sua forma de canto, caminhando livremente entre torpor, dor, ódio e desespero com evidente sentimentalismo. 


Apesar de difícil, ao separar as diferentes performances, percebe-se que Emily é capaz de proferir o mesmo grau de emoção que as canções do Linkin Park pedem, ainda que sua extensão vocal tenha se mostrado ligeiramente inferior. Mas o fato é que a sua contribuição em From Zero não apenas conseguiu manter o legado do grupo como, também, entregou um interessante toque de frescor às narrativas, ainda que em seus caráteres intensos.


Colin Brittain, a outra aquisição do grupo, também mostrou grande desenvoltura no emprego da bateria no que se refere à construção rítmica. Trazendo intensidade, precisão e versatilidade, o músico se mostrou à vontade tanto nos momentos de exploração de uma atmosfera rap quanto nos outros em que o metal era uma paisagem necessária.


Por meio desses novos integrantes, junto aos remanescentes, From Zero continua marcado pelos samples de Hahn, destacando a veia eletrônica do grupo. Sempre funcionando como uma espécie de calmaria antes do caos, tais sonoridades, ainda que sintéticas, soam como um respiro para suportar novos capítulos que pedem por grandes capacidades de reflexão.


Para encarnar o sentimentalismo que cada um dos 11 enredos pedem, o Linkin Park acabou se aliando a Neal Avron no trabalho de mixagem. Por meio de sua atuação, percebe que existe menos nu metal, mas mais variações do rock alternativo e maiores experimentações em relação à paisagem stoner, marcada pela influência das novas aquisições do grupo. Além desses, há também o rap rock e o metal alternativo, outro fator importante na assimilação emocional do enredo lírico, sendo responsável pelos graus de visceralidade instrumental.


Lançado em 15 de novembro de 2024 via Warner Records, From Zero é superação. É resiliência. É a gratidão em relação ao passado e uma receptividade para com o futuro. É um ato de honra para com a imagem de Bennington e um sincero pedido de perdão que o Linkin Park o faz por não se atentar às suas duas personas antes daquela fatídica tarde de julho de 2017.

Compartilhe:

Cadastre-se e recebe as novidades!

* campo obrigatório
Seja o primeiro a comentar
Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.