A canção não demora em exortar a sua alma latina. Sua sensualidade, molejo e jinga são fortemente expressas através de uma percussão saliente que, introduzidas por Lenny Castro, encarna traços mistos de salsa e merengue, o que reforça o seu clima quente e convidativo vindo das praias da América Central. Curiosamente, ao mesmo tempo em que esses fatores são, de fato, notados, existe, nesse ínterim, um quadro de um embrionário jazz que evoca uma adesão de charme à paisagem rítmica.
Rapidamente, em uma segunda parte introdutória, a guitarra surge por entre gritos aveludados que conferem veludo à sua sensualidade bluesada. Acompanhado por lampejos de um baixo encorpado perceptível, mesmo que timidamente, na base melódica, o instrumento acaba cooperando na criação e estímulo de caráteres reflexivos e suavemente introspectivos.
É então que a voz afinada em seu tom grave e rasgado de Ken Valdez entra em cena dando vida ao enredo lírico. Com palavras de empoderamento e motivação sendo pronunciadas de forma a atingir o campo mais interno do sentimentalismo do espectador, o cantor surge como uma espécie de mentor em prol de uma melhor forma de levar a vida e de construir laços de convivência com a sociedade.
Com toques espirituosos, tocantes e até mesmo transcendentais, Bailar Y Amar leva o ouvinte para um embriagante refrão em que a sensualidade estética atinge seu auge. Com uma guitarra áspera em sua ardência provocante e uma definitiva bateria requebrada, o trecho evidencia o papel de Valdez na tarefa de disseminar o senso de unidade perante a humanidade com notável honestidade e sinceridade. Trazida de forma emotiva, essa mensagem escancara a realidade de uma sociedade fragmentada e tenta, com toda a generosidade e altruísmo, reconstruir a atmosfera de comunidade.