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Desde seu início imediato, a canção já faz com que o ouvinte seja mergulhado em um ambiente profundamente abraçado por uma energia densamente reflexiva, mas também envolta em grandes doses de melancolia. Por meio da melodia desenhada pelo violão, macia e de postura até mesmo desoladora, a sonoridade faz com que cada ouvinte que esteja se aventurando pela sua audição seja capturado pela sua natureza sentimental.
Sem uma introdução longa, a obra é rapidamente agraciada pela presença de uma linha lírica que, ganhando vida através do timbre suavemente áspero de Terje Gravdal, é embebida em uma delicadeza tão terna que faz com que o sofrimento, a dor e todo o senso desolador que assola o ouvinte tenha um ombro amigo para se consolar. Não à toa que, em virtude dessa tomada compassiva, as lágrimas se tornam algo imparável. Um fator que agora, felizmente, se vê livre para escolher seu curso perante o seio da face de seu hospedeiro como uma forma necessária de alívio.
Capturando não apenas o senso de anulação social, mas, principalmente, o fato de se perceber órfão de representatividade no universo político vivenciado por grande parte dos indivíduos mundo afora, a canção serve como uma espécie de âncora para todos aqueles desabrigados, inclusive, de pertencimento. Um lugar que incite acolhimento e atenção.
De melodia intimista, The Promised Land é uma faixa em que Gravdal explora uma gama de texturas embebidas em uma base de densa delicadeza. Enquanto o violão forma uma espécie de estrutura firme que suporta como concreto todos os outros elementos, a guitarra, por meio de seus riffs serenos e ecoantes, assume a falta de esperança. Inclusive, quando o efeito lap steel é ouvido dando ainda mais embasamento à paisagem folk, o suspiro da desmotivação contamina a atmosfera.
Nem mesmo a bateria com sua levada serena, consegue recobrar uma consciência capaz de injetar ânimo para continuar a luta por um sonho inalcançável. Tendo isso em vista, The Promised Land também discute o senso de personalismo, o egoísmo, o egocentrismo e a ganância como fatores que regem as ações políticas atuais. Não há senso de comunidade. Apenas o sanar de determinados interesses em prol do poder, enquanto a população padece por não ser ouvida ou cuidada.