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Mesmo que suas notas sejam propositadamente travadas, o violão é percebido rapidamente pelo ouvinte. Por meio de seu som cru, ele quebra o silêncio e torna, mesmo que por curtos instantes, o espectador imerso em uma espécie de expectativa quase incontrolável. Não há ansiedade. Não há tensão. É apenas a vontade de descobrir os próximos passos do instrumento, os quais surpreendem até os ouvidos mais sisudos.
No instante em que escorrega para frases melódicas mais bem construídas, o violão leva o ouvinte para um mundo completamente diferente do que se conhece. Não é apenas utópico. Não é apenas belo. Sua sonoridade, através de sua postura terna e compassiva, consegue abraçar o espectador e caminhar, lado a lado, perante um universo de paisagens espectrais e aromas nunca antes sentidos. A cada nova nota, um novo perfume penetra no ambiente e um novo senso de conforto e proteção atinge a audiência.
Capaz de arrepiar o espectador por inteiro em virtude da sensibilidade com que cada melodia é desenhada, a canção é, então, agraciada pelo início de seus versos líricos. Construídos seguindo a mesma métrica macia do violão, eles trazem uma nova textura para a receita. A voz masculina e suavemente grave do vocalista dá toques de singela aspereza em meio ao fofo quase excessivo. Esse novo detalhe é, inclusive, o responsável por atrair ainda mais a atenção do público em vista da verdadeira descoberta da mensagem da canção.
Se a melodia por si só já emociona, com o lirismo não é diferente. Afinal, em Don’t Wait For Me, uma balada acústica e instrumentalmente minimalista no sentido mais léxico da palavra, o 5ive Star tem a única intenção de não apenas lembrar, mas instigar o ouvinte a seguir seus sonhos. É sobre coragem, independência. Sobre a busca por pertencimento e um senso de motivação. É a liberdade de encontrar o próprio caminho no curso da vida.