Desde seu início imediato, a canção explora uma dramaticidade intensa e visceral transpirada através das notas do piano. Ainda que interessantemente adocicadas em seus sabores, elas desfilam certo grau de melancolia que contamina a atmosfera e acabam, inclusive, transcendendo os limites do som. Não há nada sombrio ou melancólico que seja capaz de colocar o ouvinte em um estado de introspecção severo, mas a forma como a delicadeza estrutural é construída propõe uma certa imersão pessoal profunda a ponto de fazer o espectador duelar com os seus medos mais primitivos.
Assim que Cindy Clark entra em cena com seu vocal adocicado, mas firme em sua pronúncia, a canção passa a ganhar doses extras de sentimentalismo, conforme a cantora vai explorando seu próprio processo introspectivo. Capaz de soar potente, mas simultaneamente frágil, a cantora é capaz de combinar empoderamento e sutileza. Junto de uma desenvoltura minimalista da bateria, a qual se coloca presente através de sutis tilintares de seu prato de condução, a obra acaba engrandecendo seu senso reflexivo ao mesmo tempo em que vai se tornando cada vez mais tocante.
Com o auxílio dos uivos aveludados e bluesados de uma guitarra posicionada estrategicamente no enredo melódico na intenção de engrandecer a harmonia e tocar o coração do ouvinte, Whom Shall I Fear (Psalm 27) explora o poder da fé como um alicerce para manter o indivíduo fortalecido e equilibrado durante tempos difíceis. Acima de tudo, a canção tem o intuito de despertar os sensos de perseverança, determinação e despertar a máxima força interior escondida dentro de cada indivíduo.