O sonar tilintante do pandeiro, em certo aspecto, rememora aquele som do chocalho vindo da cauda de uma cascavel. Ainda que isso aconteça, existe, nessa atmosfera inicial, uma delicadeza emaranhada em uma embrionária sensualidade, a qual é censurada brevemente a partir da entrada de uma guitarra distorcida em seu riff áspero e de presença marcante.
No momento em que acessa sua segunda metade introdutória, a canção recebe a entrada do baixo, que faz, com sua postura altiva e atenta, faz da base melódica algo denotativamente consistente ao ponto de dar, à obra, a liberdade necessária para explorar ambiências curiosamente entorpecentes por meio do suspiro levemente adocicado da guitarra base.
Invadindo o primeiro verso, a canção passa a ter suas linhas líricas preenchidas por uma voz masculina de timbre agridoce que, curiosamente, é capaz de rememorar aquele de Robbie Williams. Eis TC Tenet desenhando os primeiros sinais do enredo lírico, enquanto a obra vai se tornando cada vez mais sexy e provocante em suas curiosas raspas entorpecentes.
Ardente em sua mistura de hard rock com traços de uma espécie de southern rock elétrico, The Guru se matura, de maneira definitiva, como uma obra sensual. Enquanto isso, com notável deboche, Tenet convida o ouvinte a mergulhar por uma narrativa cômica que aborda a maneira irritante com que os gurus da internet surgem por meio de pop ups nas redes sociais oferecendo soluções para os mais diferentes tipos de problemas elencados pelos internautas. Uma verdadeira menção direta à futilidade e a uma espécie de insegurança emocional destacada pela dificuldade de as pessoas, de um modo geral, assumirem uma ação assertiva na ânsia de elas mesmas resolverem suas dificuldades.