Sub The Hammer - You Walked Away From Me

Nota do Público 5 (1 Votos)

Uma primeira nota. Curta. Delicada. Suspirante. Uma nota que, proferida por um violão, transpira um sussurro de alívio, mas um alívio de caráter entristecido. Rapidamente ganhando a companhia do chimbal em sua forma seca proferindo os primeiros sinais do compasso rítmico, esse elemento acaba assumindo uma postura curiosamente sensual que traz consigo uma surpreendente vertente influenciada pelo flamenco.


Com tal postura, o violão acaba agregando à atmosfera um clima fresco e sensual inquestionavelmente latino. Curiosamente, assim que uma voz masculina de timbre levemente nasal entra em cena, o instrumento evidencia a sua função de, ao menos, trazer certo conforto à melancolia que começa a amadurecer. Afinal, a interpretação lírica assumida, desde seu início, carrega consigo uma energia de pesar, de tristeza e, até mesmo, de decepção.


Assim que se percebe a presença do teclado desenhando a esfera harmônica através de notas adocicadamente delicadas que sobrevoam o ambiente como flores em seus últimos instantes aromáticos, a composição acaba mergulhando em uma dramaticidade pegajosa. Surpreendentemente, essa camada harmônica ganha um excêntrico estímulo ao ser acompanhada por uma experimentação sonora eletrônica.


É justamente nesse instante que You Walked Away From Me exalta sua natureza experimental e até mesmo versátil. Ainda que se torne um produto amadurecido em sua própria identidade sofredora, é curioso perceber como a obra brinca com os contrastes de luz e sombra, superação e um comodismo depreciante. Afinal, mesmo com uma notável consistência melódica fornecida pelo baixo em meio aos rompantes de um embrionário power metal, a obra apenas tenta aniquilar a dor do personagem ao se ver rejeitado por aquele que ama.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.