A guitarra já surge solar e alegremente sensual em sua levada amaciada e fresca como o pôr-do-sol de primavera. Unida por uma bateria de levada mansa e precisa, mas curiosamente de paisagem suja, o instrumento propõe um desmedido e bem-vindo senso de despreocupação e leveza que mistura noções do folk, do blues, e pitadas mínimas de southern rock.
Assim que acessa seu primeiro verso, momento em que a voz de timbre singelo e levemente grave de Steven Lindh entra em cena, a canção passa a transpirar uma essência sonora típica de Nova Jersey em seu máximo aroma interiorano e bucólico. Nesse ínterim, é interessante perceber a forma como o baixo, com sua linearidade ondulante, é capaz de desenhar uma base melódica precisa e consistente sem deixar a música perder a sua identidade branda.
De harmonia contagiante e clima amistoso, convidativo e até mesmo alegre, It’s My Time, conforme se encaminha para o refrão, evidencia uma identidade de afirmação e autovalorização, enquanto incentiva o ouvinte a não se apegar às memórias do passado e construir novas lembranças. Uma canção que faz o ouvinte querer dançar o twist com o sorriso no rosto e uma leveza de espírito quase transcendental.