O despertar da canção já sugere uma sonoridade madura capaz de ofertar, sem demora, agradáveis sensos de frescor. Com um corpo melódico bem definido graças à consistência do baixo presente na base sonora, a canção, durante sua introdução, desfila delicadeza e uma essência agradavelmente morna em virtude da afinação da guitarra. Porém, assim que a bateria é ouvida entre repiques gradativos, a obra convida o ouvinte a experienciar outra cenografia introdutória.
Nela, o swing toma conta de todo o aspecto rítmico-melódico. Afinal, desse ponto em diante, o baixo assume uma postura requebrada, a bateria desfila saliência e a própria guitarra se vê livre para promover uma fusão estética interessante entre o soft rock e o alt rock. Com a presença do sonar da maraca contribuindo na estruturação rítmica, dando, a ela, uma noção de movimento fluida e ligeiramente latina, a canção, assim que o primeiro verso se inicia, garante para si um toque surpreendente de torpor.
Detalhe obtido graças ao tom de voz do cantor e a forma como ele interpreta o enredo lírico, o torpor surge como uma curiosa espécie de harmonia esotérica e onipresente que contamina toda a atmosfera sensorial. E por falar em interpretação verbal, a maneira como o vocalista explora o enredo traz, em si, uma espécie de semelhança para com a tomada dramatúrgica assumida por Ed Kowalczyk nas canções do Live.
Contagiante em sua essência, Concrete Maze, surpreendentemente, mostra que o Sonic Silo, assim que atinge o seu refrão, decide mergulhar em um audacioso senso de melancolia que abraça todo o ecossistema, amplificando ainda mais a embriaguez. É assim que a obra é capaz de seguir ressoando no inconsciente do ouvinte mesmo após o término de sua execução.