Jody Lynn - Undertow

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O chiado é o primeiro elemento a receber o espectador, já sugerindo um estado de plena crueza. Logo em seguida, porém, uma guitarra de riff limpo e grave entra em cena sob uma movimentação lenta capaz de fazer o ouvinte rememorar a melodia criada na introdução de Sweet Dreams (Are Made Of This) na versão de Marilyn Manson


Destacando, a partir daí, a sua natureza sombria, a canção faz com que o público se sinta caminhando por um chão formado única e exclusivamente por areia movediça. Afinal, sem a necessidade de brilhantismo ou grandiosidade, a canção já consegue difundir os sensos de claustrofobia e asfixia. Nesse ínterim, a maneira como a voz aguda e ligeiramente estridente de Jody Lynn se apresenta torna a atmosfera, inclusive, generosamente entorpecente.


Com o auxílio de uma guitarra extra e da bateria, instrumento que desenha, com força e precisão, o escopo rítmico a ponto de fazê-lo transpirar uma dramaticidade rascante, a canção é, ainda, agraciada por um baixo que caminha pela base melódica como um predador à espreita apenas aguardando o momento exato para dar o bote fatal. Sua sonoridade grave e levemente estridente, portanto, dão ao ouvinte um senso desmedido de insegurança e fragilidade.


A partir de tal receita, Undertow é onde Jody escancara o seu asco e repúdio em relação ao comportamento de uma parcela da população, que é rápida ao julgar os outros pela aparência, cor, status social e riqueza. A partir daí, a cantora destaca que, tanto as vítimas como os próprios agressores morais, estão reféns da luta contra a escuridão que pode acometer qualquer pessoa a qualquer momento, a tornando apenas um ser frágil, inseguro e desprotegido. Cabe a cada um de nós saber a melhor maneira de vencer tais demônios. Esse é o maior veredicto da canção.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.