Não é apenas a melancolia que é evidenciada através da movimentação e da afinação das notas do piano. Um certo grau de visceralidade aparentemente controlada pode ser observada através de suas postura e feição vulneráveis e inconstantes. Ainda que o ouvinte possa ser confundida com uma paisagem delicada, o que de fato existe, mas não de forma honestamente sincera, a verdade é que essa cenografia traz consigo um sofrimento rascante e visceral escondido por uma falsa postura de brandura.
Assim que a linha lírica passa a ser preenchida rompendo o minimalismo estético massivo, um diálogo começa a ser desenhado por meio de uma voz feminina firme e consistente. Vinda de Sara Diana, ela acaba contribuindo com aquela constatação anterior de que a canção consiste, sensorialmente, em um evento de experimentação sensorial profundamente lancinante.
É interessante perceber que, nesse ínterim, quanto mais a canção se desenvolve, mais ela é preenchida por sonoridades sintéticas que, por meio de seus toques azedos e levemente ásperos, propõem uma atmosfera psicodélica surpreendente e penetrante. Eclodindo em uma cenografia estética cinemática e de energia dramática pungente através do sonar esvoaçante do violino que preenche o espaço harmônico, The Villain se arregimenta como uma obra pop barroca que dissemina uma experimentação emocional dilacerante e travoso.