A guitarra já nasce marcante em sua distorção ácida e trotante. Já identificado aquilo que parece ser uma espécie de prelúdio de folk rock, o instrumento da passagem para que a bateria entre em cena a partir de um golpe duplo em sua caixa, fazendo ressoar uma sonoridade brevemente estridente. A partir dela, a base rítmica passa a seguir os contornos de uma silhueta bluesada, ao passo que a gaita entra com seu grito típico exortando um bucolismo atraente através de seu dulçor ácido.
Por meio de uma guitarra base cooperando para a criação de um ambiente sertanejo e, inclusive, estimulando até mesmo o lado sensorial do ouvinte a ponte deste conseguir sentir o cheiro de terra batida conforme o calor do Sol tira dele qualquer menção de umidade, a canção consegue mesclar o southern rock por entre suas esquinas melódicas. Nesse ínterim, uma voz de timbre intermediário e afinado segue preenchendo as linhas líricas.
De atmosfera solar e contagiante, Soho Fantasy apresenta um enredo cativante e de caráter suavemente psicodélico capaz de romper as barreiras do tempo, enquanto une frescor, blues, southern rock e uma vivacidade singular. Hipnótica, a canção é embebida em certo grau de linearidade que chega a fazer, do seu escopo rítmico-melódico, um elemento chiclete a contaminar o inconsciente do ouvinte.