Seu despertar traz um senso nauseante proposital por meio da maneira com que a guitarra se apresenta. Embriagante em sua silhueta curiosamente sombria, a canção, rapidamente, surpreende o ouvinte por, a partir de um ato súbito, levá-lo a um ambiente regido por uma sonoridade densa, áspera e metalizada em sua energia intensa e urgente.
Nesse momento, sem demora, a obra evidencia uma profunda imersão no campo do metal alternativo, enquanto se apoia em uma desenvoltura consistente por parte da bateria de forma a ganhar não apenas precisão, mas pressão em seu início de diálogo verbal. Executado por uma voz masculina de timbre curiosamente metálico, ele já começa a apresentar indícios da essência da obra que se desenvolve.
Transpirando certos requintes de dramaticidade na forma com que combina a interpretação lírica e o escopo rítmico-melódico, a faixa, assim que entra em sua segunda metade, evidencia, de forma mais clara e direta, a contribuição do baixo na criação da consistência melódica. Se mostrando sob uma postura levemente sisuda, ele se destaca pela sua certeza e pelo seu senso de confiança com que perambula pela sonoridade.
Garantindo curiosos toques de sensualidade para si, ainda que esse não seja seu ingrediente-chave, Snake Oil se torna marcante pela mistura equilibrada de elementos. Da sonoridade do metal alternativo à postura, imponência e atitude do punk, ela se mostra uma obra infusionada com toques de uma estridência stoner.
Com tal paisagem estética, o Nol K faz, da canção, uma obra que visa despertar, no ouvinte, um senso de questionamento, de instinto de mudança. Aqui, a necessidade de se ver fora da própria bolha e enxergar o mundo sob outras lentes auxilia não apenas no sucesso de atitudes revolucionárias, mas garante o direito de opinião, a fuga de um estado de censura e a busca incessante por crescimento tanto no que tange o íntimo quanto no âmbito social geral.