Um suspiro profundo é o primeiro elemento sonoro presenciado pelo ouvinte, o deixando intrigado e na ânsia de descobrir o motivo de algo que sugere um senso de alívio, mas também de tomada de fôlego para prosseguir com o planejado. Depois de a caixa ser ouvida em repiques de forma a ressoar a sua essência estridente, a canção mergulha em uma segunda parte introdutória marcada por uma essência curiosamente dançante desenhada pela equilibrada sintonia entre bateria e baixo.
Com uma base melódica consistente e bem desenhada, a canção, ao mesmo tempo, desfila generosas doses de frescor evidenciadas pela desenvoltura do violão, que se destaca perante a superfície melódica. Tão logo, porém, o primeiro verso se inicia e a camada lírica passa a ter seus contornos estruturados por uma voz masculina de timbre grave e afinado. Com toques evidentemente aveludados em suas pronúncias verbais, Cleiton Dante consegue transformar a obra em uma espécie de rock brasileiro dos anos 80.
Fresca, sonoramente equilibrada e estruturalmente contagiante, a canção explora um escopo rítmico-melódico simples, mas o suficiente para fisgar a atenção e o gosto do espectador, que logo se vê entorpecido nas harmonias criadas na combinação das sonoridades tanto instrumentais quanto vocais. Trazendo similaridades estéticas para com a sonoridade do Biquíni Cavadão, a música ainda se torna marcante pela sua fusão de disco music em virtude da maneira com que a bateria se apresenta em certos trechos de sua narrativa rítmica.
Com tal receita, Perto Do Coração Selvagem se torna uma canção rock-disco em que o personagem lírico se mostra emocionalmente amadurecido e equilibrado em relação às suas vivências amorosas do passado. Explorando certos requintes de altruísmo nesse processo, a canção apresenta a capacidade de superação adquirida pelo protagonista ao passo em que se vê imbuído pelo simples desejo de viver o que o destino e o imprevisível reservam.