O trompete de Scott Johnston surge como o abre-alas da canção. Por entre sopros ondulantes e descompensados que, em alguns instantes, fazem parecer se tratar de violinos, o instrumento faz com que a paisagem imagética obtida pelo ouvinte seja a de um amanhecer primaveril. Quando a bateria de Bryan Bonfiglio e o baixo de Jonathan Rodebaugh se unem em uma súbita sintonia que mistura corpo e ritmo, é que a música alcança seu verdadeiro despertar.
De guitarra trotante, Bad Brain acaba tendo uma constante harmônica não somente pela entrada do órgão de Jay Hobbs que passa a perambular pontualmente pela base melódica entregando toques de soul, mas pelo falsete afinado de Ben Masters. A partir dele, a canção flerta, e até mesmo mergulha, no universo da disco music em momentos significativos do enredo harmônico-melódico.
Contagiante e bem estruturada, mesmo que marcada por uma linearidade constante, Bad Brain é imbuída de uma sensualidade rígida que é, ainda, agraciada por versos bluesados na ânsia de lhe incutir ao menos uma brevidade de maciez estrutural. Por meio dessa conjuntura, o Midwest Royal acaba fornecendo um diálogo que, curiosamente, bebe da escola do blues.
Produzida e mixada por Bonfiglio e Rodebaugh, a canção trata da dependência e do vício no dinheiro, a ponto de o personagem fazer de tudo para tê-lo. Ainda que aparentemente soando como uma canção sobre relacionamento desfeito, a canção é, pura e simplesmente, uma descrição de um bon vivant preso na necessidade da companhia das famosas verdinhas.