Ela já nasce macia, melódica, aromática e fresca. Ainda que com toques curiosamente hipnóticos e curiosamente nauseantes transpirando de suas esquinas sonoras, a canção, por meio da delicadeza com que a guitarra de Richie Longstryde se movimenta livremente pelo ambiente, constrói uma cenografia sensorial agradavelmente transcendental.
Regida por uma bateria de contribuição marcante e precisa por meio da desenvoltura de Alex Sanchez, a canção chama a atenção do ouvinte, também, pelo dulçor e delicadeza extravasados tanto pelo timbre quanto pela interpretação lírica assumida por Tommy Longstryde. O interessante é que, mesmo nas mesclas de protagonismos sonoros entre as guitarras solo e base, o ouvinte pode apreciar o baixo de André Sertan da forma como desejar. Afinal, o instrumento pode ser notado em sua corpulência ligeiramente tímida sem qualquer menção de esforço.
Na forma de um rock alternativo com grandes referências a nomes como o U2, Superhuman é uma faixa que, se nutrindo de um lirismo vendido por uma carcaça romântica e de relacionamento, traz, em si, uma profundidade reflexiva notável. Afinal, nela o Longstryde dialoga sobre perseverança, sobre equilíbrio emocional e empoderamento, mas também sobre esperança. Com ela, o grupo tenta disseminar a mensagem de que o amor pode ser a cura de qualquer sofrimento ou perda de incentivo em meio à rotina.
Produzido por Mikey Rogers, Superhuman traz um equilíbrio interessante entre melodia e frescor, além de apresentar uma banda espirituosa de potencial ao rock global. E para mostrar tal força em ebulição, Antonio Ruiz fez, da arte de capa, uma verdadeira menção ao super-humano comum, urbano e que convive com os mesmos conflitos que os tidos como reles mortais. E essa é a essência da faixa: a de mostrar, também, que todos, à sua maneira, são super-humanos.