O som de interferências já causa certo frisson no espectador. Não um arrepio positivo, mas um sinal de alerta, de perigo. Algo que pede a máxima atenção. Enquanto esses sonares dissonantes de caráter ásperos vão moldando a melodia, uma voz masculina levemente fanhosa entra em cena. Por meio da maneira com que pronúncia cada palavra, mesmo que de forma balbuciante, o vocalista permite que o espectador identifique sua origem inglesa rapidamente.
Assim que o instrumental entra em cena, ato que é feito em toda a sua conjuntura, a canção é tomada por uma estridência linear. Ainda que ela chegue a causar certo grau de desconforto, esse caráter não dificulta a degustação de cada elemento sonoro. Do baixo a bateria, o espectador consegue capturar todas as nuances do espectro rítmico-melódico.
É então que a dissonância se torna algo incapaz de ser ignorado. Por mais que exista certo senso de linearidade através da desenvoltura sincrônica da bateria e do baixo, a guitarra parece ser aquele fator da discórdia e do caos. Afinal, ela faz com que até mesmo o próprio cantor entre em um estado de intensa transpiração.
Assumindo contornos de um levante, Turn Off The News traz, conforme se desenvolve, um vocalista assumindo, através de sua interpretação vocal, certos quês de esquizofrenia que passam a flutuar pelo ar ao passo em que a agonia e o desespero ficam estampados na essência de cada respiração. Por meio do encontro entre o stoner rock e o punk, a faixa é marcada por um senso de urgência ao trazer como pauta de discussão a pura e sincera necessidade de união em meio a um momento sombrio no que tange as esferas políticas globais.
