Eternal Frequency - Rise Up

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É como se olhar no espelho, com seus vidros refletindo o dia chuvoso através da janela, e não enxergar o próprio reflexo. Não enxergar a essência daquela pessoa em estado emocional perdido, entristecido. Esse é o cenário melancólico e imagético sugerido através da forma macia e delicadamente fresca em sua postura cabisbaixa com que o violão se movimenta.


Sem demora, uma voz de timbre firme e grave surge. Fortalecendo a tomada ligeiramente sofrida incitada pelo violão, Emelle Elizabeth surge dando alma e, até mesmo, propósito ao embrionário senso de dor promovido por uma melodia acústica. Crescendo em harmonia durante o pré-refrão através da união do backing vocal com a voz lancinantemente empoderada da vocalista, a canção passa a transpirar certo toque floral e romântico em seu sofrimento.


No entanto, assim que Emelle se posiciona com uma interpretação empoderada de forma que sua interpretação dá vazão a versos pronunciados com bastante drive, Rise Up sofre uma drástica quebra estrutural. Se tornando explosiva e incandescente em sua visceralidade, ela surpreende pela intensidade, pela potência e pela força com que seu instrumental, desenhado também por Nino Helfrich representa cada parte da agonia transpirada pelo personagem lírico.


Produzida a três mãos, sendo Skull Tone Studios, Atrium Audio e Jens Bogren, Rise Up é uma obra instrumentalmente equilibrada e bem trabalhada que traz, consigo, uma dramaticidade tocante tão profunda que chega a ser palpável. O interessante é que o enredo que abraça tal energia traz uma personagem no processo de se desvencilhar de um falso senso de conforto e proteção suscitado pela depressão. Encontrando força e percebendo que existe muito a ser vivido, o indivíduo se empodera, enfrenta as inseguranças e supera as dores do passado para conseguir olhar para frente e encarar, com firmeza, o futuro que a guarda para ser vivido.


Fechando o escopo técnico, vem a arte de capa. Assinada também por Helfrich, ela consiste em uma caveira adornada em folhas vermelhas secas que chegam a parecer até mesmo penas. O interessante é que, a forma como foi composta, dá a entender que essas folhas abraçam o crânio e, por serem de cores vivas, suscitam algo como o renascimento, que é exatamente a metáfora trazida na canção.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.