Ela não dá espaço para raciocínios tolos ou divagações constantes. Seu início imediato já traz um completo punch que combina peso e harmonia de forma a fazer transpirar um aroma sinfônico verdadeiramente nórdico. Na companhia de vocais ligeiramente guturais, o amanhecer cresce a partir da amplitude dos falsetes sobrepostos até que ela encontra uma segunda metade introdutória.
Agora, sob protagonismo da acidez aguda e levemente açucarada do wurlitzer, a canção, além de ganhar estridência, passa a ser agraciada por um swing setentista cuja estrutura flerta com a new wave. Porém, entre rompantes em que a força instrumental dá de encontro com a sincronia da bateria, guitarra e teclado, a obra se envereda por versos de base pop que exalam uma sensualidade desajeitada por parte da guitarra.
Quando enfim encontra o primeiro verso, Fuel My Fire assume uma estrutura rítmica trotante que recebe o último elemento sonoro a ser incluído na receita. O vocalista, com seu timbre levemente rouco e nasal cujo tom rememora aquele de posse de Steph Honde, faz da canção um produto mais enérgico e contagiante. E é justamente essa façanha que dá à música a coragem ideal para que ela flua para um refrão de harmonia gélida e ácida, além de bem swingada. Não é à toa que referências ao Deep Purple surgem na mente do ouvinte.