A canção já começa com uma guitarra melancólica de forma a construir, no imaginário do ouvinte, não apenas um ambiente chuvoso, de céu cinza. Ela é capaz de incitar sensações de insegurança, medo e tensão. É quando uma voz grave, mas melódica e forte, entra em cena já desenhando o enredo lírico sob uma interpretação que mistura angústia e torpor.
Eis Myles Maxwell entregando um enredo penetrante que faz o ouvinte curiosamente se esquecer da sonoridade que o acompanha e se estagnar, de olhos e ouvidos bem atentos, para as palavras que ainda serão proferidas. É assim que se percebe que Ghosts, Etc. é uma obra que apresenta um indivíduo perdido em uma profundeza melancólica capaz de o afastar de qualquer sinal de motivação ou gosto pela vida.
Eis que ele se vê rodeado de fantasmas que o acompanham sem pestanejar. O interessante, porém, é perceber uma virada na forma como o protagonista vê a própria situação. Quando se dá conta da sua natureza mortal e consumente, ele percebe a necessidade de mudar seu comportamento. Ainda assim, é notável e inquestionável a tendência que possui em relação à morte de forma a quase romantizar o ato da passagem ao outro mundo. E tudo isso acompanhado por uma melodia minimalista e comovente que mostra um bom equilíbrio entre seus elementos.