Erode The Dream - Witchery

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É como se o horizonte estivesse nublado, embaçado, pelo simples fato de os olhos estarem abraçados por lágrimas que, dele, não param de escorrer. Embaixo de um céu cinza e chuvoso, uma melancolia profunda atinge o cerne do indivíduo, o fazendo perder seu senso de direção e até mesmo seu propósito, sua motivação. 


Envolto por um toque místico enigmático, ele se percebe na companhia de algo que lhe incita um duvidoso senso de conforto extraído através de uma sonoridade sintética e delicadamente aguda que surge rompendo o silêncio espectral. Quanto mais esse sonar suavemente tilintante se mantém, mais se percebe a sua função de ser a base de uma melodia ainda enigmática que irá acompanhar o personagem em sua aparente viagem pelo mundo desconhecido do inconsciente.


Ganhando contornos generosamente entorpecentes conforme a guitarra entra em cena sob uma postura ondulante e simultaneamente ecoante, a canção atravessa esse prelúdio sofredor de essência dramática oferecendo elementos que, curiosamente, incitam a lucidez. Com um baixo bem marcado e presente na base melódica fornecendo força e precisão, a faixa, no mesmo instante, recebe uma bateria de golpes firmes que dá ao solo rítmico uma boa noção de consistência.


Conforme uma nova subdivisão vai sendo observada, flertes para com um nu metal ao estilo P.O.D. são observados pela forma como as guitarras passam a soar em uma sintonia visceral. Tal visceralidade é fortalecida através de uma desenvoltura rítmica rascante e um lirismo interpretado de forma completamente amorfinante. 


Assim que o instrumental começa a indicar o ouvinte o caminho para o refrão, Witchery enfim evidencia a sua identidade grunge que transpira maduras influências tanto do Alice In Chains quanto do Ugly Kid Joe em sua sonoridade áspera, suja, distorcida e soturna. Tais igualdades acabam ganhando força inclusive pela forma como o vocalista usa sua voz de forma a fazê-la soar rasgada e com uma agudez quase estridente, de forma a até mesmo rememorar o timbre de Axl Rose em sua era Chinese Democracy.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.