Dreambox - Hope

Nota do Público 5 (2 Votos)

Seu início é ondulante e regido por uma intensa e contagiante dose de torpor. Desenhada inicialmente apenas pelo piano e suas notas gélidas proferidas por Guilherme Rios, a introdução traz um denso caráter introspectivo que chega a até mesmo ser hipnótico. Rapidamente, o próprio Rios vai se enveredando pelo campo do canto e apresentando seu timbre adocicado, mas profundamente embriagante.


De atmosfera espacial, a canção captura e manipula o ouvinte com sua linearidade estética penetrante e alucinante. Capaz de fornecer uma espécie de falsa delicadeza, a canção começa a crescer em estrutura a partir da entrada da bateria de Renan Martins e sua levada de essência entorpecente. Em seu desenrolar, ela passa a, inclusive, derramar penetrantes requintes de drama.


Não apenas pelo toque ácido e estridente do baixo de Guilherme Di Lascio, mas a forma como o violoncelo de Rafael Cesário se movimenta faz com que Hope recaia sobre o sombrio, sobre o dramático, sobre o visceral. Sobre o choroso. Mixada por Eduardo Garcia, a faixa traz uma sonoridade madura e consistente em sua temática introspectiva e melancólica.


Ao mesmo tempo, sob a união de Rios e Garcia, a produção fez com que a música assumisse silhuetas dramatúrgicas e teatrais. Isso deu maior destaque e sensibilidade ao enredo, cantado em inglês, que narra aquilo que parece uma despedida. O desmantelar de um relacionamento travestido por uma postura compreensiva e altruísta que torce pelo sucesso e superação do outro. Enquanto a tristeza, metaforizada pela noite, domina as emoções, a perseverança e a maturidade funcionarão como feixes de luz da esperança por um recomeço.


E nesse aspecto, a imagem de capa assinada por Victor Hugo encarna essa ideia de recomeço. Na forma de uma borboleta com toda a sua beleza à mostra, a obra, sob a estrutura que se assemelha a uma pintura a óleo, transpira uma delicadeza que comunica e dissemina, sem usar um verbo sequer, esperança.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.