O piano vem presente em seu dulçor de energia reavivante. Solar em sua essência e de postura sorridente, esperançosa, ele transmite um senso de esperança inexplicável, apenas sentido. Se mostrando swingado desde seu primeiro ressoar, ele dá passagem para a entrada de uma voz feminina, mas de timbre afinado em seu tom firme e potente.
Proveniente de Cindy Clark, ele, assim que entra em cena produzindo os primeiros traços do enredo lírico, é acompanhado por uma guitarra aveludada em seu riff saliente de cunho curiosamente bluesado. Nesse ínterim, o chimbal é ouvido em sua movimentação sequencial e ondulante de cadência levemente acelerada proporcionando os primeiros sinais rítmicos.
Assim que o primeiro verso entra em cena por definitivo, a canção exorta uma estrutura sonora madura e extasiante em sua sincronia instrumental. Entre a consistência, a precisão, o swing e o veludo, a ambiência rítmico-melódica nele apresentada é fresca e contagiante em sua veia solar. É então, com a chegada do refrão, que a obra alcança sua plenitude estrutural.
Com o auxílio de backing vocals de timbres suaves e do hammond com sua agudez ácida, He Rescued Me passa a mostrar todo o seu escopo sonoro agora completo com o quesito harmônico. Caminhando entre o soul e o gospel de maneira versátil, a canção apresenta um lirismo de viés aparentemente autobiográfico ao trazer uma personagem que, por meio de preces, pediu pelo auxílio de uma força maior para escapar da depressão e da forte melancolia que assolava sua essência. Atendida, a protagonista, agora, extravasa gratidão.
E é exatamente essa a sensação que o ouvinte tem ao se atentar com a estruturação harmônico-melódico da obra. A de gratidão. Difícil não se comover e não se sentir instigado a buscar pela vida, pela motivação. Pela satisfação. He Rescued Me é uma música que, com grande sensibilidade, ensina o ouvinte a ter respeito e agradecimento pela vida.