O piano puxa a introdução com suas notas adocicadas, mas, curiosamente, traz ao ambiente um clima não apenas dramático, mas também melancólico. Por meio de sua essência minimalista e extasiantemente delicada, a melodia introdutória recebe, rapidamente, as primeiras linhas líricas. É aí que, a partir da interpretação lírica assumida por Massimiliano De Angeli, a obra fica com um aroma curiosamente romântico em seu caráter sofredor.
Conforme vai se desenvolvendo, Per Te acaba recebendo a entrada de um violino que amplifica seu caráter dramático e tocante a ponto de fazer o ouvinte se convalescer das emoções sentidas pelo personagem lírico. Tal sentimentalismo é amplificado quando a obra acaba sendo melodicamente estabelecida com a entrada de um instrumental mais completo.
Apesar de o baixo de Fabio Lanaro e a guitarra base de De Angeli saltarem aos ouvidos, é a bateria de Lorenzo Piva que consegue representar, ritmicamente e, inclusive, melodicamente à sua maneira, toda a dor e o senso de arrependimento que transborda de Per Te. Produzida e mixada por Roberto Visentin, a canção tem uma sonoridade cristalina e em total conexão com o enredo lancinantemente saudoso de um alguém que não mais nutre de um senso de reciprocidade amorosa. E nesse processo, a guitarra solo de Stefano Speranza, com sua sutileza estética, acaba por dar vida e compaixão às lágrimas deixadas pelo protagonista.