Sua sonoridade começa distante como a lembrança de algo que, há muito, se deseja reexperienciar. Também soando como uma espécie de melodia relaxante, ela, mesmo estando com uma altura de volumes audíveis inferiores, já dá ao ouvinte a percepção de se tratar de uma construção em que as guitarras de Jean Carlo Nunes e angelomromano se unem em uma sincronia serena. Enquanto isso, até o baixo é possível de ser notado em seu groove grave e ligeiramente estridente.
Conforme o som vai crescendo em presença, uma noção harmônica melancólica toma conta do ouvinte com bastante generosidade. Contudo, assim que a bateria de Thominhas entra em ligeiros repiques como as boas-vindas ao primeiro refrão, percebe-se que a noção de som longínquo é algo estrutural da canção. Ainda assim, esse detalhe, dando um ar de crueza à canção, não impede o ouvinte de degustar de todos os seus elementos.
Conforme vai evoluindo em estrutura, Vou Cantar Pra Você (Plugado) evidencia sua essência emocore ao ponto de reciclar aquele frescor juvenil e melancólico que moldou o agenda setting das rádios brasileiras do início dos anos 2000. Dramática, ela ainda é agraciada por um solo de guitarra melódico e de cunho quase visceral em sua delicadeza sofrida por Gus Soularis.
Produzida e mixada pelo próprio angelomromano, a canção é marcada por um escorregão na área da mixagem e equalização, mas não peca no sentimentalismo, na sinceridade e na honestidade de seu som. No que se refere à letra, Vou Cantar Pra Você (Plugado) traz um indivíduo em profundo processo de lamentação e introspecção frente à realidade da culpa de ter provocado o fim do relacionamento com alguém que, aos olhos do protagonista, era extraordinário. Evidenciando a carência e até mesmo certos toques de dependência emocional, ela bebe da mesma fonte inspiracional de nomes como NX Zero, Fresno e Hevo 84.