O violão se posiciona como o primeiro elemento sonoro a puxar a introdução. Em seu breve protagonismo absoluto exercido pelo ressoar de um riff introspectivo de som grave, o instrumento já é capaz de entregar ao ouvinte a percepção de que a música que está nascendo se trata de um produto sertanejo. Assim que a gaita, com seu excêntrico toque adocicadamente ácido uiva de forma consistente, não apenas o cenário amplifica sua estética delicada, mas espalha seu aroma floral reconfortante.
Nesse ínterim, a beleza estrutural da canção se evidencia perante a sintonia sensorial exercida pela guitarra que entra em cena sob um riff bojudo de referências bluesadas e a própria gaita que segue seu encantamento floral. Melodicamente agora contando com três elementos, sendo eles a guitarra, a gaita e o violão, a obra, de forma definitiva, arregimenta sua atmosfera folk.
Antes mesmo que os pelos do ouvinte tenham uma trégua entre seus arrepios incitados pela bela simplicidade estética que a música proporciona, o teclado entra em cena sob o sonar adocicadamente ácido do hammond incrementando ainda mais a esfera harmônica. A tornando generosamente mais frágil, o novo elemento sonoro se torna o responsável por fazer brotar, no ouvinte, lágrimas que se formam em súbitos de emoção e escorrem livremente pelo seio da face.
Eis então que o primeiro verso garante seu aguardado início através da inserção de uma voz masculina de timbre denotativamente fanhoso. Com ela, o vocalista enfatiza a raíz sertaneja da canção, enquanto vai entregando uma essência surpreendente. A partir do enredo lírico inserido, I Believe acaba tomando um rumo religioso, a transformando em uma espécie de folk cristão que explode em um refrão melodioso, contagiante e penetrante com direito à presença da bateria inserindo consistência na base rítmica e um baixo que, apesar de tímido, se torna imprescindível na construção de uma sonoridade sólida.