Ton Carfi - Ton Canta - Volume 2

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Seguindo a mesma linha de seu EP anterior, Ton Canta - Volume 2 conta com regravações de composições importantes para a cena gospel. Tudo seguindo a ideia central Ton Carfi em querer resgatar canções gospels tradicionais que tenham um fundo de atualidade em suas mensagens líricas.


As folhas soltas voam sem controle e em uma sinfonia singela e amena. Não há barulho ou tensão no ar, somente o vento fazendo a vez de uma melodia inaudível. O brilho no olhar do personagem lírico é notável, ao passo que visivelmente está cheio de lágrimas que ainda aguardam o momento de se libertarem e fluírem pela face. É assim que a dramaticidade invade o ambiente de maneira a ser regida pela adocicada melancolia das teclas do piano de Sam Jazzy e do sobrevoo grave do flutuar do som do violoncelo de Renato de Sá. Indiscutivelmente Primeira Essência é uma música de cerne emotivo saliente por trazer o extravasar do amor pela figura de Deus sentido por aquele personagem anteriormente retratado em lágrimas. É uma música de teor quase tátil pela performance de Ton Carfi ser tão visceral. Uma beleza de sonoridade minimalista, mas que encanta pela pureza e pela simplicidade melódica.


Uma sonoridade adocicadamente rural é apresentada pelos singelos riffs do violão de Jesiel Oliveira. É curioso como, somente com esse instrumento em atuação, o ouvinte consegue se deleitar entre swing e maciez. Mais interessante ainda é que a melodia por ele desenhada remete àquela feita por Keith Richards em Wild Horses, single do The Rolling Stones. Um conforto sedutoramente encantador que serve de base para mais uma narrativa de adoração à figura de Deus regida pela doce voz de Carfi. Porém, Eu Escolho Deus também dialoga com as tentações da vida, os desejos e os impulsos. Nesse quesito, Deus entra como a figura do superego. Uma força onipresente que indica os melhores caminhos a serem seguidos.


O bailar das notas do violão de Felipe Musicmaker cria uma sonoridade que já indica uma canção de cunho cristão pela sua afinidade e doçura. Uma voz rouca e baseada em uma estética R&B surge como o Sol em um amanhecer de outono. Em Lembra Senhor Carfi navega por um campo mais sombrio por abordar os efeitos da depressão sobre as pessoas. É então que a presença de Deus funciona como um apoio, um conforto, um abraço. Uma alavanca que puxa esse sofrimento para longe e faz com que a pessoa possa se levantar novamente e seguir adiante. Eis a metáfora da fé.


Não tem como fugir. Cada uma das três canções selecionadas por Ton Carfi em Ton Canta - Volume 2 são melodias que perambulam diante de lirismos de pura adoração à figura de Deus. Melodias essas que são puramente minimalistas, mas de beleza e doçura contagiantes e confortáveis.


O que é curioso na escolha das canções é o diálogo estipulado entre elas. Afinal, enquanto Primeira Essência, música composta por Anderson Freire, exorta de maneira escancarada o amor pela figura de Deus, Eu Escolho Deus, assinada por Thalles Roberto, traz a tentação do desejo e dos impulsos sendo vencidas pela força de Deus presente dentro de cada um. E Lembra Senhor, de André Rodrigues, Luiz Arcanjo e Davi Sacer, é sobre a batalha contra a depressão e a figura de Deus como metáfora da fé.


Então, o que se lê em Ton Canta - Volume 2 é que quem tem Deus em si tem proteção tanto contra as diversas tentações que a vida pode oferecer quanto contra sentimentos negativistas e deprimentes. O EP, portanto, consiste em regravações cujas novas roupagens são dramáticas e demasiadamente intensas como forma de atiçar o inconsciente do ouvinte para com o intuito dos conteúdos líricos.


Lançado em 01 de fevereiro de 2022 via Som Livre, Ton Canta - Volume 2 é um EP de rápida duração, mas cujas adaptações melódicas são intensas, viscerais, penetrantes e emocionantes. Um expoente contagiante da música cristã que exorta afigura de Deus como um salvador poderoso e invencível.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.