NOTA DO CRÍTICO
Ele poderia ter 38 anos de carreira se seguisse ininterruptamente, mas anunciou aposentadoria 1993. Ainda assim, ele voltou à ativa e, entre 2000 e 2016, lançou outros quatro álbuns de estúdio com materiais inéditos. Em 2023, Rick Astley está de volta com o EP Take Me To Your Heart, produto repleto de versões da composição de 1988.
Um ambiente dançante, que mistura ambiências discos e new wave, invade o cenário a partir da acidez adocicada do teclado de Ian Curnow. Aqui, a forma como o som da bateria se mistura à melodia também coopera com a cenografia dançante. Sem demora, uma voz de timbre empostado e grave faz presença, colocando uma interpretação romanceada que beira a conquista, a disputa pelo coração de outra pessoa. É assim que Rick Astley, com apoio de backing vocals femininos, narra as faíscas do amor sendo acendidas por um coração não correspondido e ferido por tal negação. Um coração que, embriagado em seu amor quase platônico, tenta convencer o outro de que as emoções são recíprocas e de que um precisa do outro. Isso é Take Me To Your Heart 2023 Remaster.
Uma ambiência de contexto mais gélido invade o cenário oferecendo o mesmo clima dançante que Take Me To Your Heart 2023 Remaster. Diferente da versão anterior, porém, Take Me To Your Heart - Autumn Leaves Mix conta com pouco mais de dois minutos extras de um instrumental cativante e de estética ambiente.
Mais sincopada e desenhada sob a estética da lounge music, a versão Take Me To Your Heart - The Dick Dastardly Mix vem com sobreposições sonoras, engrossamento da voz de Astley e protagonismo de sons eletrônicos. Por conta das repetições dos versos e novas edições no esqueleto da canção original, Take Me To Your Heart - The Dick Dastardly Mix conseguiu ter uma duração ainda superior em relação àquela de Take Me To Your Heart - Autumn Leaves Mix.
É a forma crua, limpa e cristalina da melodia de Take Me To Your Heart. A presente faixa consiste unicamente no instrumental da versão original, um método que permite ao ouvinte se perceber ainda mais na década de 70, época das danceterias e boates noturnas. Uma melodia ácida, gélida e dançante de estrutura simples e quase linear.
Apesar de não mais ter alcançado o mesmo sucesso que obteve com Whenever You Need Somebody, seu disco de estreia, Rick Astley voltou aos holofotes ao virar meme e alcançar mais de 80 milhões de pessoas com o fenômeno viral Rickrolling. Fora o viés tecnológico e cômico, o inglês oferece, em Take Me To Your Heart uma viagem extrassensorial de uma mesma canção.
São quatro versões que fazem o ouvinte dançar, se ver novamente na era das discotecas e boates noturnas. Um material que faz com que, em cada uma das edições apresentadas, Take Me To Your Heart pareça sempre única, até mesmo quando ilustrada na temática instrumental.
É assim que uma única canção pode combinar a disco music com a new wave e a lounge music com versatilidade. Uma maneira de degustar, mais uma vez, outro grande sucesso de Astley, mesmo não superando aquele de Never Gonna Give You Up. E esse feito foi alcançado graças ao time técnico composto pelo mixer Dave Ford e pelos produtores Curnow, Matt Aitken, Mike Stock e Pete Waterman.
Lançado em 14 de abril de 2023 via BMG, Take Me To Your Heart é uma visita ao passado. Uma degustação mais aprofundada e extrassensorial de uma música de veia dançante e romântica. É um EP que homenageia um dos maiores sucessos de Rick Astley com a atualidade de ritmos eletrônicos e a consciência de um mercado focado em melodias.