halfBREED - 3P

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Depois até mesmo de terem trabalhado juntos em Lightsabers, single de College Park, álbum de Logic, os batizados Sir Robert Bryson Hall II e Christopher Julian Castro enfim se unem oficialmente na produção daquilo que se tornou 3P. O EP é o primeiro material de halfBREED, dupla formada por C Dot Castro e Logic.


Entre chiados e sons agudos em tom eletrônico, uma ambiência embriagante e entorpecida surge imputando uma noção quase alucinógena sobre o ouvinte. Sem demora, sub graves acabam preenchendo parte da lacuna rítmica com precisão, enquanto o chimbal vem sincopado em sua estética trap. É nesse cenário que Logic, com seu timbre agudo e de raspas graves, vai fazendo de Vroom Vroom uma ode ao carro, ao seu poder de definir alto padrão de status, de ser sinônimo um elevado grau de liberdade. Nos versos de C Dot Castro, que acaba narrando o restante da canção com seu timbre mais grave, Vroom Vroom acaba flertando também com a ostentação e com a busca por um senso de autoridade.


Uma levada serena e adocicada é puxada pelo violão de Kyle “PSTMN” Metcalfe, a qual consegue ofertar uma ambiência surpreendentemente melódica à introdução que se constrói. É aqui, com uma mistura de pop e até mesmo britpop, que Logic vem com uma voz mais limpa e preenchida por falsetes bem executados. Interessante notar ainda que That’s What She Said é banhada por uma dramaticidade quase lancinante a partir da sisudez do violoncelo de Peter Jacobson na base melódica. Tudo isso ajuda para que a faixa ganhe dor e uma culpa pesarosa enquanto o diálogo proposto pelo halfBREED é, de fato, da culpa. Um coração partido surpreendido por uma medida drástica. A ilustração da dependência no outro como alicerce para sua própria superação. That’s What She Said é o demônio da solidão, colocando à prova novamente a possibilidade da realização de hábitos nocivos para a saúde mental. Sem dúvida, uma faixa ardente e dolorosa de 3P.


Misturando R&B e hip hop, a introdução vem acompanhada da união de maciez e swing até o momento em que sua estrutura amadurece como um perfeito rap. Apesar da linearidade melódica latente que o gênero pede como elemento de sustentação para as faixas líricas, Game 6 surge como um produto autobiográfico que narra a diferentes realidades vivenciadas por C Dot Castro e Logic. É a comparação reflexiva do antes e depois da fama. Da dívida financeira à fartura monetária. Curioso perceber que, aqui, inclusive, halfBREED usa a palavra ‘vadias’ como metáfora para inveja.  Além disso, tal como em That’s What She Said, Game 6 dá liberdade para que os integrantes desabafem sobre seus temores, algo que C Dot Castro fez muito bem ao expor seu temor a respeito de haters, do preconceito. Mais do que isso, o rapper demonstra sinceros e sufocantes contornos de autocobrança e máxima exigência consigo mesmo em tudo o que faz como um meio de se sentir merecedor do ponto em que sua vida chegou.


O rap, e agora o trap, se tornaram grandes aliados para a sonorização de poesias desabafantes nos quatro cantos do mundo. Sob a dupla halfBREED, não foi diferente. O duo se utilizou de ambos os gêneros para, em 3P, falar de suas vidas, seus medos, seus desejos. 


Não é fácil se abrir, ainda mais em um primeiro material. Mas em pouco menos de 10 minutos, os rappers conseguiram mostrar aos ouvintes quem são. Conseguiram mostrar sensibilidade extrema ao se revelarem carentes, solitários e inseguros. Porém, eles também se mostraram batalhadores e incansáveis na busca por seus objetivos.


Com auxílio de um time de produtores que conta com nomes como 6ix, Metcalfe, Kevin Randolph, Keanu Beats e Banshee The Great, esse caminho emocional e sereno foi muito bem amadurecido no decorrer das três faixas. E Bobby Campbell soube sintetizar a partir de bases traps e raps que acompanharam ambiências pops, breatpops, R&Bs e até mesmo hip hops.


Lançado em 11 de abril de 2023 via Three Oh One Productions, 3P é um EP sensível e profundo nos desabafos dolorosos dos integrantes que compõem o halfBREED. É um EP em que o interior se rebela ao exterior enquanto a consciência tenta assimilar a realidade oferecida ante o passado vivido.








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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.