Julia Joia - A Doce Despedida

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Desde os 11 anos na música. Aos 17, um single que lhe rendeu contrato com importante gravadora. Agora aos 20, um lançamento. Essa foi a breve trajetória profissional de Julia Joia, cantora que chega agora, no início do segundo trimestre de 2021 e anuncia A Doce Despedida, se segundo EP.


Notas do teclado de Gabriel Salles fazem um sobrevoo macio, mas ao mesmo tempo ululante. Elas logo recebem a companhia de um vocal afinado, agudo e que já apresenta melismas típicos do soul em uma roupagem pop. É esse vocal que, em sua primeira demonstração, traz o nome da faixa ao se perguntar “Por que você não chega em mim?”. Além de a bateria de Gabriel Lucchini trazer em seu groove um flerte na temática soul e de conter um instrumental sensual, a música tem uma cadência sedutora e um lirismo jovem que retrata paixonites e a típica atração física.


O som do baixo, com linhas groovadas, é o protagonista da introdução de Pode Apagar a Luz, uma música com temática rítmica baladeira e cuja participação do teclado é essencial para que o público se sinta atraído pela melodia. Além disso, o refrão é cativante pela batida e possui um lirismo cheio de rimas perfeitas. Melodicamente, pode até se perceber que a estrutura da canção flerta com a música disco.


Saindo do ânimo estonteante para uma balada triste, de desilusão. Essa é a proposta de Não Vai Rolar, uma música lenta e cujo lirismo retrata a não possibilidade de um relacionamento. Até mesmo a interpretação da letra feita por Julia expressa um ar de cansaço e insatisfação frente as falsas promessas de melhoria e mudança feitas pelo par do eu-lírico.


Linhas suaves e por vezes truncadas da guitarra de Julio Raposo dão grande parte da identidade rítmica da faixa-título. Como o próprio nome sugere, a canção é nada mais nada menos que uma despedida, uma conversa em que o eu-lírico expressa os motivos do término do relacionamento.


Muito distante da energia tristonha da faixa-título está Não Nasci Pra Ficar, uma música que recupera o ânimo do ouvinte com seu lirismo que ecoa a necessidade de novas descobertas, do desbravamento, da independência. Acima de tudo, essa é uma música de valorização da vida e da ânsia de viver.


Acima de qualquer constatação, A Doce Despedida é indiscutivelmente um EP que atende única e exclusivamente a plateia jovem. Afinal, os conteúdos líricos são leves e os instrumentais, apesar de combinarem elementos de outros gêneros musicais, não fogem da base pop.


E nesse aspecto, Julia Joia não esconde em momento algum suas influências, as quais vão de Dua Lipa, Ariana Grande até chegar à Christina Aguilera. O vocal de Julia, em sua estrutura, tem um toque anasalado que torna a cantora compatível com outros nomes da cena pop da atualidade. Mas não só isso. Esse mesmo detalhe em sua voz lhe confere um ar latino, cheio de movimento e swing.


Uma pessoa conseguiu canalizar todas essas características de A Doce Despedida. Filipe Soares foi quem se responsabilizou tanto pela produção quanto pela mixagem do EP.  Na mixagem, conseguiu deixar o som limpo e enalteceu o vocal de Julia sem destoar da amplitude dos outros instrumentos. Já na produção, conseguiu combinar todos os elementos de influência da cantora em uma melodia que soasse atual e palpável ao pop.


Lançado em 09 de abril de 2021 via Warner Music Brasil, A Doce Despedida é um EP teen. Leve, contagiante e sedutor, ele pode tranquilamente ser equiparado aos trabalhos do gênero anunciados recentemente, pois soa fresco e natural. Definitivamente um Extended Play jovem para o público jovem.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.