Why Don't We - The Good Times And The Bad Ones

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Dois anos depois de seu disco de estreia. Foi esse o tempo necessário para que o Why Don’t We retornasse aos estúdios para gravar o sucessor de 8 Letters. Após meses de isolamento das redes sociais e com a divulgação da campanha #WhereIsWDW, o intitulado The Good Times And The Bad Ones foi anunciado durante aparição da banda no The Kelly Clarkson Show.


É com uma batida intensa e misteriosa acompanhada de sutis elementos eletrônicos que, enfim, o disco tem seu início. Fallin’ (Adrenaline) já exala, desde o início, sua temática pop adolescente com a melodia chiclete e sonoridade minimalista. Seu pré-refrão reforça a presença de elementos como cadencia e envolvência, os quais dão passagem para um ápice em que o ouvinte facilmente associa com a estética rítmica da canção Believer, do Imagine Dragons


Os ouvidos dos espectadores ficam ouriçados, estimulados e ao mesmo tempo confusos com a introdução de Slow Down. Recebendo a programação de Travis Barker, o também baterista do grupo californiano de pop punk Blink-182, a canção tem não só seu início, mas sua harmonia desenhada, a partir do sampler, com a melodia introdutória de 1979, canção do The Smashing Pumpkins. Com sobreposições vocais suaves em sobrevoos onipresentes à melodia, o vocal aqui apresentado é mais agudo, mas com a mesma qualidade no que se refere à afinação.


Energia revigorante, ânimo, envolvência e capaz de seduzir e atrair o ouvinte. Apesar de a melodia ser trazida por uma programação que apresenta notas em tons melancólicos, Lotus Inn tem um vocal sedutor e atraente que eleva a harmonia rítmica empolgando o ouvinte. E essa empolgação alcança seu ápice com o refrão-chiclete cujo vocal é regado em falsete e o beat estimula o espectador a balançar a cabeça involuntariamente. Por essas razões, a presente faixa é a primeira de The Good Times And The Bad Ones a receber merecidamente o status de single.


Com estética havaiana evoluindo para uma harmonia formada pela estrutura voz e violão, Be Myself se apresenta como a irmã madura das faixas anteriores. Isso é devido ao vocal grave e às notas firmes e igualmente graves do violão. Mas não somente. Seu lirismo em estética de monólogo em que o eu-lírico assume suas próprias personalidades também ressaltam maturidade e uma elevada consciência. É curioso notar, ainda, que o minimalismo harmônico-rítmico consegue criar uma sedução e envolvência tão acentuadas quanto aquelas apresentadas em Fallin’ (Adrenaline), Slow Down e Lotus Inn.


Não é apenas o nome da faixa que denuncia sua energia e sua estética melodiosa. A frase “I wrote another song, baby, about you” trazida logo no despertar da introdução de Love Song também expõe o fato de que a canção propõe ser uma composição sobre amor e relacionamento. Seu vocal cheio de melismas e falsetes despertam impressões diversas que transitam de um adeus lamentoso a uma mera declaração de amor em que o eu-lírico expõe seus sentimentos.


Assim como Love Song expôs, com seu título, como seriam os conteúdos líricos e melódicos, Grey também o faz com maestria. Sua sonoridade triste e melancólica já entra em um acordo masoquista com o título da faixa. Aquela errônea impressão de que a canção anterior se tratava de um adeus lamentoso se aplica, com vigor, na presente faixa. Até porque o próprio vocal se coloca em uma interpretação mais sofrida em que suas sílabas quase não são notadas com clareza. É interessante notar que a presença do piano enaltece essa percepção de dor e lástima.


For You já chega com a proposta de fugir da energia negativa e entristecida e acelerar o sangue do ouvinte. Isso é possível por conta de sua estética eletrônico-rappeada e de beats acentuados trazidos pela programação assinada por Skrillex. Na faixa, porém, o vocal não se restringe a um ou dois integrantes. É nítido que, nela, Daniel Seavey, Corbyn Besson, Jonah Marais, Jack Avery e Zach Herron colocam seus vocais em união em trechos estratégicos para aumentar o peso da harmonia. 


Como um supetão, I’ll Be Ok começa com frases rápidas, mas aqui não existe uma estética definida, como em For You. Na faixa, o lirismo é acompanhado de uma melodia de beat simples que praticamente se extingue na ponte, momento em que este se torna mais ameno e o eu-lírico pede pela volta de sua cara metade.


Com uma tentativa de ser sombria, a melodia de Look At Me deixa claro ao ouvinte, pela sua estrutura, que a programação volta a ser assinada por Barker. Com sensualidade e groove bem marcado, a música tem envolvência e uma letra de conteúdo fraco e superficial, quase como se tivesse sido feita sob encomenda para outra vaga de single de The Good Times And The Bad Ones.


Fugindo da estética sombrio-comercial de Look At Me, Stay já chega com uma proposta harmônica com forte flerte pela questão psicodélica e astral. Com beat mais lento, mas sem perder a cadência característica apresentada nas demais faixas do álbum, Timbaland apresenta aqui uma programação simples em elementos sonoros e em tempo de marcação. Do lado lírico, a música é nada mais que um pedido para que a paixão do personagem aceite uma relação.


Produzido por Jaycen Joshua e o próprio grupo, The Good Times And The Bad Ones é um disco que refresca a força comercial assumida pelas boybands mundo afora. De melodia semelhante àquela apresentada durante a carreira de One Direction, o segundo disco do WDW se assume, com suas melodias e estruturas, netos de boybands há muito consolidadas no mercado, como The Backstreet Boys e ‘N Sync.


É verdade que a modernidade sonora presente na harmonia das canções do disco denunciam a sua jovialidade mercantil. E é exatamente essa jovialidade que apresenta o frescor que a juventude atual procura. Com a ajuda de Joshua e de sua mixagem, essas características ficam muito bem perceptíveis no desenrolar das faixas.


De outro lado, a arte de capa apresenta características interessantes. É verdade que ela dá continuidade aos moldes adotados por capas de trabalhos de outras boybands ao enaltecer os integrantes, mas a forma como Alex Kirzhner a desenhou em The Good Times And The Bad Ones, assim como aconteceu em 8 Letters, apresenta, indiretamente, uma forte influência na icônica capa de Bohemian Rhapsody, do Queen


Lançado em 15 de janeiro de 2021 via Atlantic Records, The Good Times And The Bad Ones é um disco cheio de sedução, melodias contagiantes e estruturas comerciais. Com ele, o Why Don’t We conquistou maiores espaços e disseminou, com mais força, o seu nome. Um produto feito, sem rodeios, de e para a juventude atual.


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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.