NOTA DO CRÍTICO
2018, o ano das revelações e dos lançamentos (in)esperados. Depois de Myles Kennedy lançar Year Of The Tiger, seu álbum de estreia, e da confirmação de que Jonathan Davis, vocal do Korn, está próximo de anunciar um trabalho solo, mais um para a contabilidade. Billie Joe Armstrong, vocalista, formador, guitarrista e compositor do Green Day divulgou estar em projeto solo. The Longshot é o nome do projeto paralelo, em que Armstrong desempenha as mesmas funções de sua banda-pátria. Seu álbum de estreia, o intitulado Love Is For Losers, lançado neste mês via The Longshot Records, é um trabalho previsível, sem novidades.
As 11 faixas do disco apresentam uma cadência e um timbre instrumental há muito explorada pelo Green Day. A começar por The Last Time, uma música com afinação que remete a trilogia ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!, 10º, 11º e 12º lançamentos respectivos do GD, a métrica apresentada é de um blues básico à la 4x4.
Taxi Driver vem em seguida. Mais agitada, mas ainda no mesmo compasso, a música também não ajuda a distanciar as semelhanças entre as duas bandas. Nem mesmo os músicos recrutados ao projeto conseguem atingir tal façanha, visto que, no baixo, está Jeff Matika, o qual também esteve excursionando com o frontman durante a Revolution Radio Tour, do Green Day.
Um groove curto de bateria executado por David S. Field trazem Chasing a Ghost, uma música sobre pertencimento em uma linguagem bem adolescente, típica do subgênero pop punk. Tal característica a faz ser uma das promessas mercadológicas de Love Is For Losers, uma música feita na medida para as rádios.
Título sombrio, sim. Com um enredo diferenciado das demais letras do álbum, Body Bag apresenta uma história de começo, meio e fim sobre um enterro, uma despedida indolor. Na letra, o significado da partida é o início da liberdade. Uma liberdade que é apresentada de modo diferente na faixa seguinte.
Love Is For Losers, a música-título do disco de estreia, apresenta uma liberdade duvidosa, que é perdida quando se encontra o amor. Como primeiro single, a faixa-título tem direito até mesmo a um clipe em que são apresentados os companheiros de Billie Joe Armstrong, compreendendo Field, Matika e o guitarrista base Kevin Preston.
Um homem autodestrutivo e posto ao anonimato. Esse é o tema da música seguinte, Cult Hero. A faixa, que parece não trazer diferença com relação as demais, vem com uma surpresa. Uma curta frase com influência country que introduz o solo de guitarra trazido por Armstrong.
E é chegada a faixa de número sete. A pop punk da gema Kill Your Friends apresenta uma letra tão juvenil que poderia muito bem ser colocada como trilha sonora de filmes teens na pegada de Doze é Demais. Tais afirmações, porém, não se aplicam por completo em Hapiness, a música seguinte.
Apesar de novamente vir acompanhada de um instrumental pop, a letra vem com uma crítica à realidade de países como Estados Unidos, Rússia e Coréia do Norte. As palavras da música podem ser oferecidas tanto à população dessas localidades quanto ao fardo carregado pelos seus governantes em vista de suas recentes ações. Uma faixa que, pela mensagem, poderia muito bem ser incluída no premiado American Idiot.
Contagiante. Essa é a palavra que define Soul Surrender, a música seguinte. Sua letra, no entanto, fala sobre algo exaustivamente abordado em muitas das faixas de Dookie, terceiro álbum do Green Day, de 1994. O tema em questão são as drogas e o ato de se drogar.
Turn Me Loose e Longview. Não há dúvida quanto a semelhança entre as duas introduções. Os segundos iniciais da primeira, se não fosse composta pela mesma pessoa, poderia fazer com que o The Longshot respondesse por plágio.
E assim como são os shows do Green Day, Love Is For Losers encerra de forma homônima. Goodbye To Romance é lenta e a faixa mais longa de todo o disco, atingindo a marca de quatro minutos, iniciado com uma introdução melancólica, uma característica que segue durante toda a execução da balada.
Ao total de seus 32 minutos, Love Is For Losers não apresenta nada de diferente da sonoridade do Green Day. Billie Joe Armstrong fez um longo e árduo trabalho à toa. Recrutou David S. Field, Jeff Matika e Kevin Preston para iniciarem um projeto que, vistas as suas características, poderia muito bem ser outro disco do GD.
Sem dúvida Armstrong teve a melhor das intenções com o projeto, mas falhou na forma como compôs as músicas. Dessa forma, o músico fez parecer que gostaria de retomar o som adquirido pelo Green Day no período que compreende os lançamentos de Dookie, Insomniac e Nimrod. Um gasto de tempo, energia e dinheiro para se chegar a um material sem sal e sem surpresas. Love Is For Losers é um disco fraco, um álbum "mais do mesmo" da bagagem musical trazida por Armstrong. Uma lástima.