Pink Sweat$ - Pink Planet

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Desde 2018, David Bowden, ou melhor dizendo, Pink Sweat$ tem lançado um EP por ano. Mas depois de The Prelude, Extended Play mais recente, lançado no ano passado, o cantor filadelfiense chega em 2021 com uma novidade: o lançamento de Pink Planet, seu primeiro disco de estúdio.


Um som de teclado é ouvido. Logo, ele é acompanhado por uma sessão de groove entre bateria e baixo, o que resulta em uma atmosfera com uma divisória tênue entre o soul e o gospel. Porém, com a entrada da voz igualmente doce de Sweat$ fica claro que o ritmo pende para o lado soul, pois entre os melismas vocais são percebidos toques sutis de swing na melodia que apresenta uma sonoridade amplamente aveludada. Cheia de corais fortes e penetrantes, a canção ainda guarda um solo de guitarra simples. Mas justamente essa simplicidade é o que faz o ouvinte se arrepiar pela completa harmonia e entrosamento que cria o restante da melodia. Essa é Pink City.


Com um swing elevado em relação aquele presente na canção anterior, Heaven traz um maior protagonismo do teclado de Michael Keenan. Keenan, por sinal, é o músico responsável por inserir, na canção, outras sonoridades importantes, mas nada se equipara às notas pontuais, mas certeiras, da harpa, o que dá um ar angelical que casa perfeitamente com o título da canção. Por outro lado, é interessante e curioso notar que a melodia criada entre a guitarra e a bateria remete àquela melodia estruturada nos versos de Full Circle, single do Aerosmith.


Do lar de Deus ao local ideal. Agora, o ouvinte se vê em Paradise, uma canção em que o violão de Rick Nowels é o instrumento que guia a harmonia e cujas linhas entregam um ar latino e fresco ao enredo sonoro. Frases como “I feel alive when I look in your eyes” e “I feel alive when you’re by my side” deixam claro que a canção é uma declaração de amor.


O swing e a sensualidade ganham um ápice em Magic, uma música de melodia atraente e aveludada que, entre repiques de bateria de impacto, possui a união de Wes Singerman e Rogét Chahayed imprimindo suavidade e calmaria a partir do teclado e guitarra. Na faixa, Sweat$ não apenas surge com melismas, mas também com falsetes e introduzindo, neles, amplos alcances vocais.


O violão foi o guia em Paradise. Em So Sweet é a vez do baixo de John Hill mostrar seu poderio sobre a melodia, afinal, é ele quem molda a estética rítmica da canção, entregando, junto da bateria, um groove atraente e cativante. É verdade também que essa canção tem um parentesco singelo com a estrutura criada na canção Put Your Records On, de Corinne Bailey Rae.


Calcada no vocal e na guitarra, Chains é uma música em que existe uma queda de energia e excitação. Afinal, sua melodia melancólica deixa a sonoridade em um tom abaixo. Por vezes, o conteúdo lírico pode até confundir o ouvinte, pois apesar de apresentar majoritariamente situações amistosas entre o eu-lírico e sua amante, frases como “Nothing’s been the same” e “Since you’ve been away” deixam clara a energia melancólica e nostálgica sentida pelo personagem ao lembrar de sua amada.


Apesar de Interlude não ter nenhuma melodia, sendo apenas o som do teclado, o que chama a atenção são as confissões feitas por Sweat$ a respeito de sua infância e do que a música representou para ele durante essa fase de vida. Afinal, nas suas próprias palavras “Hear for me was an escape, because the world where I was living in wasn’t always so beautiful”.


Uma ambientação mais eletrônica se faz presente em Beautiful Lie, uma música de melodia regada em sintetizadores com o auxílio de Kenneth Wright. De energia mais inebriante, a canção ainda consegue introduzir um efeito contágio a partir de seu groove amplamente sedutor.


Exalando uma energia positiva e pra cima, Pink Money é uma canção de melódica e até de certa forma grudenta. Isso graças também ao refrão contagiante e de frases simples. É verdade que a canção não possui força lírica, mas apenas pela questão sonora ela pode ser considerada um single justamente pelas questões anteriormente levantadas.


Apenas com os primeiros segundos de At My Worst é possível notar semelhanças sonoras com aquelas empregadas em músicas de diferentes estilos. Primeiramente, a linha da guitarra remete à melodia lírica apresentada no pré-refrão de Girl on Fire, single de Alicia Keys. Ao mesmo tempo, as notas do instrumento transmitem, esporadicamente, sensações melancólicas, o que traz à tona a introdução de Be Yourself, single do Audioslave. Mas a verdade, porém, é que a música de Pink Sweat$ nada mais é do que uma proposta de relacionamento, uma carta de amor com todos os seus desejos.


Um baixo amplamente groovado puxa a introdução de 17, uma música envolvente nos seus versos de ar. Com a chegada do refrão, porém, a melodia ganha complexidade com a entrada de diferentes instrumentos. Nele existe teclado, órgão e até toques de piano trazidos por Dave Palmer e D’Mile, o que entrega dramaticidade à canção. Mas verdade seja dita, o que fica gravado na cabeça do ouvinte é a frase chiclete do baixo que preenche todos os versos.


Lows é uma música que apresenta um gingado cativante e singelo, com um violão que, assim como aconteceu em Paradise, entrega um clima latino. Não se pode deixar de notar que o refrão é a parte em que ocorre o ataque às massas, a conquista do rádio. Afinal, ele é melódico, sedutor e com um swing aveludado que conquista facilmente o ouvinte.


Not Alright começa com um tom de suspense, de algo sinistro. Mas isso se quebra com o falsete de Sweat$, que leva o ouvinte a um refrão regado em um teclado de notas inebriantes trazidas por Noah Beresin. Isso é interessante, pois essa pronuncia dramática do teclado casa perfeitamente com a proposta lírica, que é como se tivesse pedindo socorro ao entoar “I’m not alright”.


O groove volta com força em Give It To Me, uma música possui sensualidade, mesmo que seja em nível menor ao de outras faixas anteriormente apresentadas em Pink Planet. No entanto, a presente música tem seus pontos altos, como a inserção do som do saxofone entregando tonalidades mais vivas e seu refrão enérgico.


Assim como em Give It To Me, existe groove acentuado também em Icy a partir das linhas do baixo. Cativante e melódica, a música é bem estruturada no que diz respeito à conquista e a uma melodia empolgante e atraente. Por essas razões, a música pode ficar ao lado de Pink Money na lista de singles de Pink Planet.


I was born to win” clama Sweat$ no refrão de Pink Family, uma música em que há piano e baixo empregando cadência e swing numa mesma melodia. De voz metálica, o vocalista ainda se arrisca em versos rappeados que entregam ainda mais movimento à faixa.


Para iniciar o encerramento de Pink Planet, Sweat$ criou um bis interessante. Primeiro vem At My Worst com a participação de Kehlani, que imprime um toque feminino e ainda mais sensual. Depois, direto de Volume 1 vem Honesty, uma música romântica acompanhada somente por notas pontuais de guitarra.


Fez sentido demorar três anos para que Pink Planet enfim nascesse. Nele é notável o amadurecimento lírico e vocal de Pink Sweat$, algo que lhe proporcionou a criação de melodias mais harmônicas e que estivessem mais de acordo com os conteúdos cantados propriamente ditos.


Como um disco soul, Pink Planet exala sensualidade, carisma e swing. Exala melismas, exala falsetes, exala groove, exala cadência. Exala musicalidade. É um disco repleto de movimento e de uma atração irresistível.


Com um time amplo de produtores, Pink Planet ainda possui uma arte de capa que representa bem seu conteúdo. Feita em cooperação entre Joseph Ruffin e Courtney Loo & David Karp, ela consiste em um desenho que retrata Pink Sweat$ em um outro planeta, ou melhor dizendo, no seu próprio planeta. Pelos traços, se vê modernidade e tecnologia. Pelas cores, calmaria. Pelas formas, veludo. E tudo isso está presente no disco a partir das melodias e das letras. Portanto, o quesito artístico casa muito bem com o musical.


Lançado em 12 de fevereiro de 2020 via Atlantic Records, Pink Planet é sensual, é contagiante e cativante. Um disco que agrada pela melodia e também pelo tom de voz e conteúdo lírico. Ouvi-lo não é uma tarefa difícil.



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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.